28/03/2014
Os adultos idosos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) têm alto risco de desenvolver deterioração cognitiva leve, em especial problemas de raciocínio mais que de memória, conforme demonstram os resultados do denominado Estudo da Clínica Mayo sobre o Envelhecimento.
"A DPOC, sobretudo depois de cinco anos ou mais, duplica o risco de desenvolver deterioração cognitiva", disse a doutora Michelle Mielke, da Clínica Mayo, Rochester, Minnesota.
Para ela, esse resultado pode ter dois efeitos.
"Primeiro, poderíamos tratar a DPOC mais agressivamente para prevenir os transtornos cognitivos. Segundo, os médicos deveriam estar mais atentos e pesquisar os problemas cognitivos, em especial com a atenção, o planejamento e a função executiva. Esses transtornos não só interfeririam na aderência ao tratamento da DPOC, mas também poderiam elevar o risco futuro de demência", esclareceu.
A DPOC pode provocar hipoxemia e hipercapnia, "que poderiam predispor esses pacientes a desenvolver alterações cognitivas", conforme publica a equipe na revista JAMA Neurology. Alguns estudos tinham sugerido que esse seria o motivo.
A equipe de Mielke estudou 1425 adultos (171 com DPOC) da coorte prospectiva do estudo da Clínica Mayo. Os participantes tinham entre 70 e 89 anos, sem transtornos cognitivos em 2004.
Durante os 5,1 anos de seguimento, 370 desenvolveram uma deterioração cognitiva leve (MCI, por seu nome em inglês); 230 desenvolveram MCI amnésico (A-MCI), 97 desenvolveram MCI não amnésico (NA-MCI), 27 desenvolveram MCI de tipo desconhecido e 16 evoluíram de uma função cognitiva normal para a demência.
A análise de variáveis múltiplas revelou que o diagnóstico da DPOC estava associado com um aumento significativo do risco de desenvolver NA-MCI (HR=1,83), mas não MCI ou A-MCI, conforme publica a equipe. Além disso, detectou-se uma relação dose-resposta: os pacientes que conviviam com DPOC durante mais de cinco anos até o início do estudo eram os mais expostos ao risco de desenvolver MCI (HR=1,58) e NA-MCI (HR=2,58).
"Nossos resultados demonstram a importância de considerar a DPOC como um fator de risco de MCI", afirma a equipe.
O doutor James Dodd, da Faculdade de Ciências Clínicas da University of Bristol, Reino Unido, também investigou a função cognitiva em pacientes com DPOC (European Respiratory Journal, 2010), mas não participou do estudo da Clínica Mayo.
"A DPOC é uma doença multissistêmica com comorbidades significativas que influem na mortalidade e na qualidade de vida. Portanto, a informação disponível sobre a relação entre a deterioração cognitiva e a DPOC tem fundamento, é importante. Além disso, a ideia de poder identificar um fator de risco modificável da demência é uma prioridade".
"Há uma quantidade de estudos que sugerem que a DPOC e as alterações funcionais pulmonares som indicadores independentes da deterioração cognitiva; de todos os modos, os autores assinalam que o estudo é inovador porque inclui uma análise longitudinal e caracteriza os subtipos do MCI", indicou Dodd.
Fonte: Reuters
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