sábado, 31 de maio de 2014

O Sistema Nervoso

O Sistema Nervoso
SNC recebe, analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada de decisões e o envio de ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais para o sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores (músculos e glândulas).  
O Sistema Nervoso Central
SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao telencéfalo (hemisférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico, que se divide em: BULBO, situado caudalmente; MESENCÉFALO, situado cranialmente; e PONTE, situada entre ambos.
No SNC, existem as chamadas substâncias cinzenta e branca. A substância cinzenta é formada pelos corpos dos neurônios e a branca, por seus prolongamentos. Com exceção do bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre mais externamente e a substância branca, mais internamente.
Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana, protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - também denominada raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteção esquelética: dura-máter (a externa), aracnóide (a do meio) e pia-máter (a interna). Entre as meninges aracnóide e pia-máter há um espaço preenchido por um líquido denominado líquido cefalorraquidiano ou líquor.

O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa aproximadamente 1,4 kg. O telencéfalo ou cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais bastante desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memória e dos nervos sensitivos e motores. Entre os hemisférios, estão os VENTRÍCULOS CEREBRAIS (ventrículos laterais e terceiro ventrículo); contamos ainda com um quarto ventrículo, localizado mais abaixo, ao nível do tronco encefálico. São reservatórios do LÍQUIDO CÉFALO-RAQUIDIANO, (LÍQÜOR), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema nervoso. 
Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o cérebro esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não acompanha o seu crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua superfície fica "exposta", o restante permanece por entre os sulcos.
O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas, sendo a maioria pertencente ao chamado  neocórtex. 
Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade específica.
  1. hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui apenas três camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral.
  2. córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo; apresenta duas ou três camadas celulares.
  3. neocórtex: córtex mais complexo; separa-se do córtex olfativo mediante um sulco chamado fissura rinal; apresenta muitas camadas celulares e várias áreas sensoriais e motoras. As áreas motoras estão intimamente envolvidas com o controle do movimento voluntário.
Imagem: McCRONE, JOHN. Como o cérebro funciona. Série Mais Ciência. São Paulo, Publifolha, 2002.

A região superficial do telencéfalo, que acomoda bilhões de corpos celulares de neurônios (substância cinzenta), constitui o córtex cerebral, formado a partir da fusão das partes superficiais telencefálicas e diencefálicas. O córtex recobre um grande centro medular branco, formado por fibras axonais (substância branca). Em  meio a este centro branco (nas profundezas do telencéfalo), há agrupamentos de corpos celulares neuronais que formam os núcleos (gânglios) da base ou núcleos (gânglios) basais - CAUDATO, PUTAMEN, GLOBO PÁLIDO e NÚCLEO SUBTALÂMICO, envolvidos em conjunto, no controle do movimento. Parece que os gânglios da base participam também de um grande número de circuitos paralelos, sendo apenas alguns poucos de função motora. Outros circuitos estão envolvidos em certos aspectos da memória e da função cognitiva.

   
Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto  Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002.


Algumas das funções mais específicas dos gânglios basais relacionadas aos movimentos são:
  1. núcleo caudato: controla movimentos intencionais grosseiros do corpo (isso ocorre a nível sub-consciente e consciente) e auxilia no controle global dos movimentos do corpo.
  2. putamen: funciona em conjunto com o núcleo caudato no controle de movimentos intensionais grosseiros. Ambos os núcleos funcionam em associação com o córtex motor, para controlar diversos padrões de movimento.
  3. globo pálido: provavelmente controla a posição das principais partes do corpo, quando uma pessoa inicia um movimento complexo, Isto é, se uma pessoa deseja executar uma função precisa com uma de suas mãos, deve primeiro colocar seu corpo numa posição apropriada e, então, contrair a musculatura do braço. Acredita-se que essas funções sejam iniciadas, principalmente, pelo globo pálido.
  4. núcleo subtalâmico e áreas associadas: controlam possivelmente os movimentos da marcha e talvez outros tipos de motilidade grosseira do corpo.
Evidências indicam que a via motora direta funciona para facilitar a iniciação de movimentos voluntários por meio dos gânglios da base. Essa via origina-se com uma conexão excitatória do córtex para as células do putamen. Estas células estabelecem sinapses inibitórias em neurônios do globo pálido, que, por sua vez, faz conexões inibitórias com células  do tálamo (núcleo ventrolateral - VL). A conexão do tálamo com a área motora do córtex é excitatória. Ela facilita o disparo de células relacionadas a movimentos na área motora do córtex. Portanto, a conseqüência funcional da ativação cortical do putâmen é a excitação da área motora do córtex pelo núcleo ventrolateral do tálamo. 
Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto  Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002.

O DIENCÉFALO (tálamo e hipotálamo)

Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região de substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua como estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele é responsável pela condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser processados. O tálamo também está relacionado com alterações no comportamento emocional; que decorre, não só da própria atividade, mas também de conexões com outras estruturas do sistema límbico (que regula as emoções).
hipotálamo, também constituído por substância cinzenta, é o principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis pela homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas endócrinas. É o hipotálamo que controla a temperatura corporal, regula o apetite e o balanço de água no corpo, o sono e está envolvido na emoção e no comportamento sexual. Tem amplas conexões com as demais áreas do prosencéfalo e com o mesencéfalo. Aceita-se que o hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções. Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e à tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. De um modo geral, contudo, a participação do hipotálamo é menor na gênese (“criação”) do que na expressão (manifestações sintomáticas) dos estados emocionais.

O TRONCO ENCEFÁLICO
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente ao cerebelo. Possui três funções gerais; (1) recebe informações sensitivas de estruturas cranianas e controla os músculos da cabeça; (2) contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras regiões encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do cérebro controla os movimentos do lado direito do corpo; lado direito de cérebro controla os movimentos do lado esquerdo do corpo); (3) regula a atenção, função esta que é mediada pela formação reticular (agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico). Além destas 3 funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham funções motoras e sensitivas específicas.
 Na constituição do tronco encefálico entram corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas, que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados tractos, fascículos ou lemniscos. Estes elementos da estrutura interna do tronco encefálico podem estar relacionados com relevos ou depressões de sua superfície. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco encefálico.
Imagem: ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA. Artmed Editora.
O CEREBELO
Situado atrás do cérebro está o cerebelo, que é primariamente um centro para o controle dos movimentos iniciados pelo córtex motor (possui extensivas conexões com o cérebro e a medula espinhal). Como o cérebro, também está dividido em dois hemisférios. Porém, ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo está relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo, enquanto o lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo.
O cerebelo recebe informações do córtex motor e dos gânglios basais de todos os estímulos enviados aos músculos. A partir das informações do córtex motor sobre os movimentos musculares que pretende executar e de informações proprioceptivas que recebe diretamente do corpo (articulações, músculos, áreas de pressão do corpo, aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento realmente executado. Após a comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar, estímulos corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real seja igual ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos, equilíbrio, postura e tônus muscular.
Algumas estruturas do encéfalo e suas funções
Córtex Cerebral
Funções:
  • Pensamento
  • Movimento voluntário
  • Linguagem
  • Julgamento
  • Percepção
A palavra córtex vem do latim para "casca". Isto porque o córtex é a camada mais externa do cérebro. A espessura do córtex cerebral varia de 2 a 6 mm. O lado esquerdo e direito do córtex cerebral são ligados por um feixe grosso de fibras nervosas chamado de corpo caloso. Os lobos são as principais divisões físicas do córtex cerebral. O lobo frontal é responsável pelo planejamento consciente e pelo controle motor. O lobo temporal tem centros importantes de memória e audição. O lobo parietal lida com os sentidos corporal e espacial. o lobo occipital direciona a visão.
Cerebelo
Funções:
  • Movimento
  • Equilíbrio
  • Postura
  • Tônus muscular
A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno cérebro”. O cerebelo fica localizado ao lado do tronco encefálico. É parecido com o córtex cerebral em alguns aspectos: o cerebelo é dividido em hemisférios e tem um córtex que recobre estes hemisférios.
Tronco Encefálico
Funções:
  • Respiração
  • Ritmo dos batimentos cardíacos
  • Pressão Arterial
Mesencéfalo
Funções:
  • Visão
  • Audição
  • Movimento dos Olhos 
  • Movimento do corpo
O Tronco Encefálico é uma área do encéfalo que fica entre o tálamo e a medula espinhal. Possui várias estruturas como o bulbo, o mesencéfalo e a ponte. Algumas destas áreas são responsáveis pelas funções básicas para a manutenção da vida como a respiração, o batimento cardíaco e a pressão arterial.
Bulbo: recebe informações de vários órgãos do corpo, controlando as funções autônomas (a chamada vida vegetativa): batimento cardíaco, respiração, pressão do sangue, reflexos de salivação, tosse, espirro e o ato de engolir.
Ponte: Participa de algumas atividades do bulbo, interferindo no controle da respiração, além de ser um centro de transmissão de impulsos para o cerebelo. Serve ainda de passagem para as fibras nervosas que ligam o cérebro à medula.
Tálamo
Funções:
  • Integração Sensorial
  • Integração Motora
 O tálamo recebe informações sensoriais do corpo e as passa para o córtex cerebral. O córtex cerebral envia informações motoras para o tálamo que posteriormente são distribuídas pelo corpo. Participa, juntamente com o tronco encefálico, do sistema reticular, que é encarregado de “filtrar” mensagens que se dirigem às partes conscientes do cérebro.
Sistema Límbico
Funções:
  • Comportamento Emocional
  • Memória
  • Aprendizado
  • Emoções
  • Vida vegetativa (digestão, circulação, excreção etc.)
Sistema Límbico é um grupo de estruturas que inclui hipotálamo, tálamo, amígdala, hipocampo, os corpos mamilares e o giro do cíngulo. Todas estas áreas são muito importantes para a emoção e reações emocionais. O hipocampo também é importante para a memória e o aprendizado.

Fonte:http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso3.asp

Distúrbios do olfato

Controvérsias & Interfaces
Distúrbios do olfato
Smell disorders

Alberto Starzewski Júnior, Tatiana Gregório, Alexandre Sgavioli Ribeiro
Médicos otorrinolaringologistas
Arthur Guilherme, L.B.S. Augusto
Professor assistente doutor do Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo.
Trabalho realizado na Santa Casa
de São Paulo - SP.

Correspondência:
R. Cesário Motta Junior, 112 - Vila Buarque - CEP 01221-020
Pavilhão Conde de Lara - 4o. andar - Departamento de Otorrinolaringologia.

Unitermos: olfato, desordens do olfato, modalidades sensoriais.
Unterms: smell olfaction disorders, sensorial modalities.

Numeração de páginas na revista impressa: 78 à 84

Resumo


Desordens olfativas são comuns na prática clínica do otorrinolaringologista e habitualmente são ignorados pela comunidade médica. Acarretam problemas sociais, psicológicos e nutricionais, prejudicando a qualidade de vida do indivíduo. Objetivo: Avaliar o perfil dos pacientes com queixas olfativas, verificando suas causas e tipos de perda. Forma de estudo: Clínico retrospectivo. Casuística e método: Foram estudados 23 pacientes com queixas olfativas acompanhados no Ambulatório de olfato do Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo. Foram avaliados com anamnese geral e específica, exame físico com nasofibroscopia e teste de olfato da Universidade de Connecticut – Connecticut Chemosensory Clinical Research Center. Resultados: Dos 23 pacientes, 20 apresentaram alteração no teste de olfato. Os resultados obtidos quanto aos tipos de perda foram 30,4% hiposmia unilateral, 26,1% hiposmia bilateral, 21,7% hiposmia em uma cavidade nasal com anosmia contralateral e 8,7% anosmia bilateral. Quanto às causas, encontrou-se polipose nasal (30%), rinites (15%), desvio de septo nasal (10%), infecção de vias aéreas superiores (20%), trauma cranioencefálico (10%), cirurgia neurológica (5%) e idiopática (5%).Conclusão: A avaliação dos pacientes com queixas de perda de olfato mostrou que há predomínio de hiposmia em relação à anosmia e que as principais causas são as doenças nasossinusais, infecção de vias aéreas superiores e trauma cranioencefálico.

Introdução

Distúrbios olfativos são comuns na prática clínica do otorrinolaringologista. Nos Estados Unidos da América do Norte, pelo menos 2.000.000 de pessoas apresentam alterações quimiossensoriais, ou seja, olfativas e gustativas(1).

Os neurônios (receptores) olfatórios estão localizados na mucosa olfatória (neuroepitélio olfatório), que se distribui por sob a lâmina cribriforme do etmóide, porção superior do septo (10 mm superiores) e parte da concha superior. Existem cerca de dez milhões de neurônios olfatórios no ser humano, com uma meia-vida de 30/60 dias, e que são capazes de distinguir dez mil odorantes diferentes(1,2).

Cada neurônio olfatório envia um dendrito em direção à superfície epitelial, em cuja extremidade se encontra uma dilatação, a vesícula olfatória, de onde se projetam os cílios olfatórios (10-30/célula). Do pólo basal do neurônio parte um axônio não mielinizado, que atravessa a membrana basal e lâmina própria, onde se unem a outros axônios para formar a fila olfatória, que atravessa os forames da lâmina cribriforme na forma de nervo olfatório (10-20 filetes por lado). Cada nervo olfatório faz sinapse no bulbo olfatório com os dendritos das células mitral/tufosa (segundo neurônio) e interneurônios, numa região chamada de glomérulo olfatório. Os axônios mielinizados das células mitral/tufosa seguem pelo trato olfatório e se projetam para centros corticais superiores por meio das estrias olfatórias lateral e medial(3-5).

Dessa forma, podemos classificar as deficiências olfativas em três grandes grupos: condutivas, sensório-neurais e centrais. As deficiências olfativas condutivas são aquelas causadas por uma obstrução de qualquer natureza da cavidade do nariz que impede os odorantes de atingir a mucosa olfatória. O neuroepitélio olfatório é saudável morfofuncionalmente, mas desordens específicas da cavidade do nariz bloqueiam a passagem do ar às suas regiões mais superiores. As deficiências olfativas sensório-neurais são aquelas em que a lesão se localiza ou no neuroepitélio ou nos nervos olfatórios. Elas podem ser subdivididas em dois grupos (de acordo com a localização da lesão): epitelial (sensorial) ou neural. As deficiências olfativas centrais são aquelas em que a lesão se dá no bulbo, trato e estrias olfatórias ou em alguma região dos centros corticais da olfação. As deficiências olfativas mistas são aquelas em que há mais de uma causa envolvida na perda do olfato (p. ex.: uma causa condutiva e sensório-neural associadas)(6).

Como exemplos de deficiências condutivas citamos as alterações anatômicas da cavidade do nariz (desvio de septo, hipertrofia de conchas) e as doenças nasossinusais, como rinite alérgica, polipose nasal e tumores. Como deficiência sensorial clássica temos a infecção de vias aéreas superiores (IVAS), senilidade, radio/quimioterapia e uso de drogas intranasais (vasoconstritores, cocaína). Como causa de deficiência neural temos o trauma cranioencefálico (TCE) em que há lesão dos nervos olfatórios, como deficiência sensório-neural temos o diabetes mellitus, a exposição a substâncias tóxicas (ácido sulfúrico, amônia, benzeno, cádmio, chumbo, níquel, pesticidas, solventes) e, como causas centrais, doença de Alzheimer, Parkinson, demências, esclerose múltipla, acidente vascular encefálico, TCE que comprometa as vias olfatórias centrais etc.(1,7). Outras causas que podem levar à deficiência olfativa são o uso de determinados medicamentos, epilepsia, enxaqueca, depressão, esquizofrenia, hipocondria e histeria.

A rinossinusite, uma afecção bastante comum na prática otorrinolaringológica, pode causar uma deficideficiência olfativa condutiva, por acúmulo de secreção/edema na cavidade nasal, e/ou uma deficiência sensorial, pois pode induzir também à apoptose dos neurônios olfatórios(8).

As queixas olfativas são classificadas em: anosmia (completa perda do olfato) hiposmia (diminuição do olfato) hiperosmia (aumento do olfato) disosmia (distorção da percepção olfativa) que, por sua vez, é subdividida em parosmia (quando há estímulo ambiental desencadeante) e fantosmia (sem a presença de estímulo, ou seja, alucinação). A cacosmia é uma forma de disosmia que pode ser tanto uma parosmia ou fantosmia, porém a sensação olfativa será sempre de um odor desagradável. A agnosia olfativa é a inabilidade de identificar ou de classificar um odorante, embora apropriadamente percebido(1,7), e a presbiosmia implica em uma hiposmia relacionada à idade avançada(5).

Habitualmente, problemas olfativos são ignorados pela comunidade médica por parecerem insignificantes, já que raramente apresentam risco de vida ao paciente, porém comumente acarretam problemas sociais, psicológicos e nutricionais, afetando a qualidade de vida do indivíduo(1,2,4,5). O olfato é essencial em situações rotineiras, como saborear comidas e bebidas, alertar o indivíduo contra incêndio, presença de gases tóxicos e alimentos deteriorados(1,2). Diversas profissões necessitam da via olfatória íntegra, como, por exemplo, cozinheiros, bombeiros, profissionais de comida, provadores de bebidas, trabalhadores com gás natural e substâncias industriais e químicas(2).

Com o intuito de determinarmos o provável fator etiológico e grau de deficiência olfativa, de acordo com o exposto acima, avaliamos um grupo de indivíduos com queixas olfativas que procuraram o Ambulatório de Distúrbios do Olfato do Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo.

Casuística e método

Realizou-se um estudo descritivo e retrospectivo com base no levantamento de prontuários de pacientes de nossa Instituição.

De janeiro a março de 2008, os pacientes com queixas olfativas que procuraram o Departamento de Otorrinolaringologia de nosso hospital foram incluídos em nossas estatísticas. Após anamnese geral, anamnese específica para queixas nasais e exame físico (com nasofibroscopia) todos realizaram o Teste de Olfato da Universidade de Connecticut - Connecticut Chemosensory Clinical Research Center (CCCRC)(9).

A causa condutiva foi definida de acordo com os achados do exame físico e nasofibroscopia nos casos de polipose nasal, rinites e desvio de septo nasal (DSN). Foram classificados em perda sensorial/neural/sensório-neural/central os pacientes com exame físico ou nasofibroscopia normais e com sua perda associada a um fator desencadeante, como, por exemplo, após TCE, cirurgia neurológica, exposição a solventes (ocupacional) e IVAS.

Os dados coletados foram tabulados e discutidos com base na literatura.

Resultados

Foram avaliados 23 pacientes, sendo 14 homens e 9 mulheres, com idade variando entre 12 e 70 anos, com a moda entre 31 e 50 anos (12 pacientes).

Destes pacientes, 52,2% queixaram-se de hiposmia, 39,1 % de anosmia e 8,7% de cacosmia. Todos citaram que sua desordem era bilateral.

De acordo com as características da queixa, 39,1% informaram que seu problema ocorreu de forma súbita, 47,8% foram apresentando piora gradual e 60,9% apresentavam sua queixa de forma contínua, sem situações ou ocasiões de melhora.

Após o teste de olfato (CCCRC)(9) observamos uma diferença em relação aos dados obtidos na anamnese. Apenas 20 (87%) pacientes realmente apresentavam problemas olfativos, sendo 30,4% com hiposmia unilateral, 26,1 % com hiposmia bilateral, 21,7% com hiposmia e anosmia contralateral e 8,7 % com anosmia bilateral (Gráfico 1).

Nos 20 casos com desordem olfativa confirmada pelo teste CCCRC, dividimos a perda em condutiva ou sensorial/neural/sensório-neural/central, de acordo com o fator etiológico. Tivemos neste grupo de estudo 55% de perdas condutivas, 40% sensoriais/neurais/sensório-neural/centrais e 5% idiopática (Gráfico 2).

Um paciente não apresentava alterações em seu exame ou fator desencadeante explícito, ficando como provável causa idiopática. Como este tinha 70 anos, interrogou-se uma possível presbiosmia (Gráfico 2).

Nos pacientes com causa condutiva, encontraram-se oito pacientes (72%) com hiposmia, dois pacientes (19%) com anosmia e um paciente (9%) com anosmia em uma cavidade nasal associada à hiposmia severa contralateral. Todos os pacientes com IVAS apresentaram hiposmia como resultado e todos com TCE revelaram anosmia em uma cavidade nasal associada à hiposmia severa na outra.

Gráfico 1 - Alterações de olfato referidas pelos pacientes e confirmadas pelo teste CCCRC.

Gráfico 2 - Etiologia das perdas de olfato confirmadas.

Discussão

Brämerson et al., em 2004, analisaram 1.387 voluntários em um estudo randomizado, encontrando uma prevalência de disfunção olfativa de 19,1% (265 indivíduos). Dessa população, 69,8% (185 pessoas) apresentaram hiposmia e 30,2% (80 indivíduos), anosmia(4). No atual estudo se obteve resultado semelhante. Dentre os 20 pacientes que apresentaram resultados alterados no teste CCCRC, 13 (65%) apresentaram hiposmia e 7 (35%) apresentaram anosmia, incluindo quatro com anosmia unilateral e hiposmia severa contralateral.

Encontraram-se, como principais causas de desordesordens olfativas, as doenças nasossinusais (polipose nasal, rinite e desvio de septo nasal), IVAS e TCE, que, juntas, representaram 85% das causas. Essas três causas são apontadas como as mais importantes por diversos autores, em cujas casuísticas apresentaram conjuntamente porcentagens que variaram de 50% a 57,4%(1,9,11).

No presente estudo as doenças nasossinusais representaram a principal causa das perdas olfativas (55%), seguida pelas infecções de vias aéreas superiores (20%) e pelo TCE (10%). Cain et al.(9), Cowart et al.(3) e Hazouri et al.(5) confirmam essa ordem de freqüência. Seiden et al., analisando 428 pacientes, encontraram resultados um pouco distintos em relação à freqüência, com 18% das perdas olfativas relacionadas ao TCE, 18% a IVAS e 14% a doenças nasossinusais(11). Essa diferença, no entanto, pode estar relacionada à nossa pequena casuística.

Causas condutivas de desordens olfativas podem ser tratadas e, na maioria das vezes, evoluem satisfatoriamente, já que raramente o neuroepitélio olfatório está lesado(1,11). Por isso, o diagnóstico adequado dessas causas é importante, justificando o exame otorrinolaringológico minucioso, com nasofibroscopia e exame de imagem quando preciso(1,11).

Em nossa casuística, 72% dos pacientes com perda olfativa de causa condutiva apresentaram hiposmia como resultado do teste aplicado, 9% anosmia em uma cavidade nasal associada à hiposmia severa contralateral e 19% anosmia. Seiden et al., estudando 60 pacientes com perda olfativa de causa condutiva, encontraram situação diferente, com anosmia como principal resultado (58%), seguida por hiposmia (38%), observando ainda que 83% dos pacientes tratados com corticóide sistêmico apresentaram melhora(11). Em nosso ambulatório, uma paciente com diagnóstico de polipose nasal apresentava anosmia no primeiro teste e após tratamento com corticóide intramuscular evoluiu com normosmia. Os demais pacientes não foram reavaliados após a conduta inicial adotada devido ao tempo curto de observação clínica.

Entre as perdas olfativas sensoriais, a IVAS é descrita como sendo a principal causa, com freqüência de 25% a 33%(6). Todos os pacientes que evoluíram com queixa olfativa após IVAS apresentaram hiposmia no teste, dos quais um referiu cacosmia, queixa de difícil confimação pelo teste de Connecticut(8). Na literatura, se encontrou hiposmia prevalecendo sobre anosmia nesses casos, além de ser a cacosmia apontada como uma queixa freqüente(3,11). Um dos mecanismos propostos de disfunção pós-viral é o dano ao neuroepitélio olfatório(2,3,5,7). Um terço dos pacientes tende a melhorar após seis meses, mas se a disfunção persistir por mais tempo, o prognóstico de recuperação é mais reservado(7).

De 5% a 30% dos pacientes com TCE evoluem com desordem olfativa. O grau dessa se correlaciona com a gravidade do trauma, sendo permanente na maioria dos casos. O ponto de lesão do nervo olfatório mais freqüente é na lâmina cribriforme(1,2,3,5). No entanto, também pode-se observar lesão do trato olfatório, bulbo olfatório e lobo temporal demonstradas em ressonância nuclear magnética(1). Nossos pacientes com TCE apresentaram anosmia em uma cavidade nasal associada à hiposmia severa contralateral, o que está de acordo com a literaturadesordens olfativas, as doenças nasossinusais (polipose nasal, rinite e desvio de septo nasal), IVAS e TCE, que, juntas, representaram 85% das causas. Essas três causas são apontadas como as mais importantes por diversos autores, em cujas casuísticas apresentaram conjuntamente porcentagens que variaram de 50% a 57,4%(1,9,11).

No presente estudo as doenças nasossinusais representaram a principal causa das perdas olfativas (55%), seguida pelas infecções de vias aéreas superiores (20%) e pelo TCE (10%). Cain et al.(9), Cowart et al.(3) e Hazouri et al.(5) confirmam essa ordem de freqüência. Seiden et al., analisando 428 pacientes, encontraram resultados um pouco distintos em relação à freqüência, com 18% das perdas olfativas relacionadas ao TCE, 18% a IVAS e 14% a doenças nasossinusais(11). Essa diferença, no entanto, pode estar relacionada à nossa pequena casuística.
Causas condutivas de desordens olfativas podem ser tratadas e, na maioria das vezes, evoluem satisfatoriamente, já que raramente o neuroepitélio olfatório está lesado(1,11). Por isso, o diagnóstico adequado dessas causas é importante, justificando o exame otorrinolaringológico minucioso, com nasofibroscopia e exame de imagem quando preciso(1,11).

Em nossa casuística, 72% dos pacientes com perda olfativa de causa condutiva apresentaram hiposmia como resultado do teste aplicado, 9% anosmia em uma cavidade nasal associada à hiposmia severa contralateral e 19% anosmia. Seiden et al., estudando 60 pacientes com perda olfativa de causa condutiva, encontraram situação diferente, com anosmia como principal resultado (58%), seguida por hiposmia (38%), observando ainda que 83% dos pacientes tratados com corticóide sistêmico apresentaram melhora(11). Em nosso ambulatório, uma paciente com diagnóstico de polipose nasal apresentava anosmia no primeiro teste e após tratamento com corticóide intramuscular evoluiu com normosmia. Os demais pacientes não foram reavaliados após a conduta inicial adotada devido ao tempo curto de observação clínica.
Entre as perdas olfativas sensoriais, a IVAS é descrita como sendo a principal causa, com freqüência de 25% a 33%(6). Todos os pacientes que evoluíram com queixa olfativa após IVAS apresentaram hiposmia no teste, dos quais um referiu cacosmia, queixa de difícil confimação pelo teste de Connecticut(8). Na literatura, se encontrou hiposmia prevalecendo sobre anosmia nesses casos, além de ser a cacosmia apontada como uma queixa freqüente(3,11). Um dos mecanismos propostos de disfunção pós-viral é o dano ao neuroepitélio olfatório(2,3,5,7). Um terço dos pacientes tende a melhorar após seis meses, mas se a disfunção persistir por mais tempo, o prognóstico de recuperação é mais reservado(7).

De 5% a 30% dos pacientes com TCE evoluem com desordem olfativa. O grau dessa se correlaciona com a gravidade do trauma, sendo permanente na maioria dos casos. O ponto de lesão do nervo olfatório mais freqüente é na lâmina cribriforme(1,2,3,5). No entanto, também pode-se observar lesão do trato olfatório, bulbo olfatório e lobo temporal demonstradas em ressonância nuclear magnética(1). Nossos pacientes com TCE apresentaram anosmia em uma cavidade nasal associada à hiposmia severa contralateral, o que está de acordo com a literatura, em que o resultado mais freqüente também foi anosmia(3,11).

Um de nossos pacientes apresentou perda olfativa após neurocirurgia por aneurisma cerebral, a qual poderia ser decorrente de lesões nos nervos olfatórios, devido à excessiva manipulação do cérebro ou por comprometimento das vias olfatórias centrais durante o ato cirúrgico.
No presente estudo se classificou um paciente com anosmia em uma cavidade nasal associada à hiposmia severa na outra cavidade como sendo de causa idiopática, porém ele possuía dois fatores causais na anamnese que poderiam atuar isolada ou conjuntamente como causadores da desordem e que são citados na literatura. O primeiro e mais relevante de acordo com a literatura é a idade do paciente (70 anos) e o segundo, o antecedente de tabagismo. Diversos trabalhos demonstraram o declínio da função olfativa com a idade(1,5,7,12). As razões deste declínio poderiam ser classificadas em duas hipóteses: morfológica, com redução do número dos neurônios olfatórios, e funcional, com a diminuição das suas atividades metabólicas relacionadas à recepção do estímulo sensorial e/ou a sua neurotransmissão(12). Doty (1979) demonstrou que em indivíduos maiores de 80 anos havia dano olfativo em 80% dos casos, sendo 50% anôsmicos. Entre 65 e 80 anos, 60% apresentavam hiposmia e 25%, anosmia(13). A exposição ao cigarro também é citada na literatura como possível causa de dano ao neuroepitélio olfatório(2,7).

Um paciente teve a sua desordem olfativa classificada como causa ocupacional, pois sofreu acidente de trabalho com queda de solvente na cavidade nasal, evoluindo desde então com queixa de hiposmia. Solventes e outras substâncias tóxicas, como formaldeído, herbicida e pesticidas são citados na literatura como responsáveis por desordens olfativas. A concentração e o tempo de exposição apresentam relação direta com o potencial dano ao sistema olfatório, sendo geralmente permanente(1,7).

Os pacientes com normosmia no resultado do teste CCCRC se queixavam de hiposmia (dois indivíduos) e cacosmia (um paciente). Este último apresentava síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), que é uma causa de alteração do olfato citada na literatura(7).

Independentemente da causa, alguns cuidados devem ser tomados por pessoas com perdas olfativas, como conferir o prazo de validade dos alimentos rotineiramente, além de cuidados com o gás de cozinha e substâncias inflamáveis. Tais orientações devem ser salientadas pelo médico, uma vez que representam situações de risco para pacientes com desordens olfativas.

Conclusão

A avaliação dos pacientes com queixas de perda de olfato comprovadas pelo teste do CCCRC mostrou que há predomínio de hiposmia em relação à anosmia de forma geral. Quanto às prováveis causas, as principais encontradas foram doenças nasossinusais, infecções de vias aéreas superiores e trauma cranioencefálico, observando-se nas duas primeiras hiposmia como principal cipal achado e anosmia em uma cavidade nasal associada à hiposmia severa contralateral nos traumas cranioencefálicos.


Bibliografia
1. Spielman AI. Chemosensory function and dysfunction. Crit Rev Oral Biol Med 1998 9(3):267-91.
2. Deems DA, Doty RL, Settle G, Moore-Gillon V, Shaman p, Mester AF et al. Smell and Taste Disorders - A study of 750 patients from the University of Pennsylvania Smell and Taste Center. Arch Otolaryngol Head Neck Surg 1991 117: 519-28.
3. Cowart BJ, Young IM, Feldman RS, Lowry LD. Clinical disorders of smell and taste. Occup Med 1997 12(3):465-83.
4. Brämerson A, Johansson L, Ek L, Nordin S, Bende M. Prevalence of olfactory dysfunction: The skövde population-Based study. Laryngoscope 2004 114(4):733-6.
5. Hazouri JAS, Davidson T, Jalowayski AA, Murphy C. Disfunción del olfato. Rev Alerg Mex 2000 47(3):87-93.
6. Gil-Carcedo LM, Gil-Carcedo E, Vallejo LA, Ortega P. Proposed classification scheme for quantitative olfactory function alterations. Otolaryngol Head Neck Surg 1999 121:820-5.
7. Wrobel BB, Leopold DA. Clinical assessment of patients with smell and taste disorders. Otolaryngol Clin N Am 2004 37(6):1127-42.
8. Kern RC, Conley DB, Haines GK, Robinson AM. Treatment of olfactory disfunction, II: studies with minocycline. Laryngoscope 2004 114(12):2200-4.
9. Cain WS, Gent JF, Goodspeed RB, Leonard G. Evaluation of olfactory dysfunction in the Connecticut Chemosensory Clinical Research Center. Laryngoscope 1988 98: 83-8.
10. Muñoz AT, González E, Puchol CH, Mayor GP, Bayón MAM, Fernández JMA et al. Alteraciones del olfato en la consulta ORl general.et al. Alteraciones del olfato en la consulta ORL general. Acta Otorrinolaringol Esp 2002 53:653-7.
11. Seiden AM, Duncan HJ. The diagnosis of a conductive olfactory loss. Laryngoscope 2001 111:9-14.
12. Kaneda H, Maeshima K, Goto N, Kobayakawa T, Ayabe-Kanamura S, Saito S. Decline in taste and odor discrimination abilities with age, and relationship between gustation and olfaction. Chem Senses 2000 25:331-7.
13. Doty RL. A review of olfactory dysfunction in man. Am J Otolaryngol 1979 1: 57-77.

Fonte: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=4202




sexta-feira, 30 de maio de 2014

Escabiose (ou Sarna)

Escabiose (ou Sarna)

O QUE É?

A escabiose (ou sarna) é uma doença altamente infecciosa causada pelo ácaro parasita, Sarcoptes scabie, transmitida de uma pessoa a outra pelo contato direto com a pele do indivíduo. A sarna acomete qualquer pessoa, independentemente de raça, idade ou hábitos de higiene pessoal.
Sarcoptes scabie alimenta-se da queratina, a proteína que constitui a camada superficial da pele. Após o acasalamento, a fêmea põe ovos, média de seis por fêmea, que eclodem após duas semanas. A doença é caracterizada por uma coceira intensa, principalmente à noite.
A sarna forma pequenas crostas nas áreas mais quentes do corpo: entre os dedos, atrás dos joelhos, atrás dos cotovelos, nádegas, virilhas, umbigo e mamas e axilas. Nas crianças, acomete todo o corpo – inclusive as palmas das mãos, as plantas dos pés e o couro cabeludo.

SINTOMAS

O período de incubação da doença é cerca de três semanas, então começam as erupções que causam coceira nos dedos das mãos, punhos, mamilos, axilas, genitália, umbigo e nádegas. Também podem surgir pápulas, ou bolinhas, e lesões em túnel, ou lineares, de trajeto sinuoso, às vezes, pouco visíveis.
Além disso, podem-se encontrar também escoriações, causadas pelo ato de coçar, infecções secundárias ou nódulos na bolsa escrotal ou no pênis.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito baseado do relato do paciente, a coceira noturna. As lesões que podem ser observadas nas áreas sugestivas. Um dermatologista será capaz de fazer o diagnóstico. E este poderá se confirmar através da observação do material coletado da pele do paciente ao microscópio. O diagnóstico é feito por meio do exame clínico das lesões e do relato do paciente, como a coceira noturna e nas áreas típicas,  e pode ser confirmado pelo encontro do parasita na lesão.

TRATAMENTO

Há vários medicamentos de uso tópico que podem ser utilizados no tratamento da escabiose. As soluções escabicidas normalmente devem ser diluídas e aplicadas à noite, no corpo todo do indivíduo, por alguns dias. Outra possibilidade é o tratamento via medicação oral prescrito pelo médico, porém, esses geralmente são usados nos casos graves da doença ou em pacientes imunodeprimidos. Os sabonetes escabicidas não costumam ser eficazes e produzem, em diversos casos, reações alérgicas que pioram o caso.
É importante dizer que todas as pessoas que residem na casa do doente devem ser examinadas e até mesmo tratadas, às vezes com doses menores da medicação e com orientação médica. Não há necessidade de ferver roupas de cama ou pessoais, pois o ácaro não sobrevive por muito tempo fora do hospedeiro.  Porém é importante a troca diária das roupas, com lavagem simples das mesmas.
Gestantes e lactentes não devem utilizar os mesmos medicamentos que as outras pessoas acometidas pela escabiose.

PREVENÇÃO

Se há alguém com escabiose em casa, é importante que as roupas sejam trocadas e lavadas diariamente. Mas o contágio ocorre, na maioria das vezes, através do contato direto com a pessoa infectadas, inclusive em relações sexuais.
Fonte: http://www.sbd.org.br/doencas/escabiose-ou-sarna/

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Enfermeiro acupunturista

Enfermeiro acupunturista tem a vantagem da autonomia
Coren-SP
21/10/2011


A aplicação da acupuntura no Brasil foi iniciada há quarenta anos e desde a década de 80, com seu reconhecimento pelo SUS, faz parte da política de saúde pública no país. Desde então, os princípios da medicina tradicional chinesa vêm conquistando prevalência no campo das terapias complementares.
O exercício da acupuntura, de acordo com a portaria 971 de 2006 do Ministério da Saúde, é reservado a profissionais da área de saúde, como fisioterapeutas, médicos e psicólogos, com pós-graduação específica em acupuntura. Nos últimos dois anos, de acordo com Daniel Olcerenko, os enfermeiros se tornaram a maioria dos profissionais nestes cursos. Isso se deve em grande parte à possibilidade, nova para estes profissionais, de montar o seu próprio consultório e aplicar acupuntura sem prescrição médica.
Esta autonomia foi reforçada em 2008, com o reconhecimento da especialidade pelo Coren.
“Na capital de São Paulo, em dois anos, houve aumento de mais de 50% de enfermeiros nas turmas de pós-graduação em acupuntura”, afirma Olcerenko, presidente da Abena, Associação Brasileira de Enfermeiros Acupunturistas. Hoje, os enfermeiros representam até metade dos alunos de uma sala.

Daniel Olcerenko, presidente da Abena (Associação Brasileira dos Enfermeiros Acupunturistas), em palestra no Cape
Acupuntura e enfermagem
Antes da portaria 971, qualquer profissional de qualquer área podia fazer um curso técnico e aplicar acupuntura. Quem perdia era o paciente. “Os princípios da medicina tradicional chinesa, principalmente os da acupuntura, são os que mais combinam com os princípios da Enfermagem pelo fato de trabalhar o indivíduo como um todo”, diz Olcerenko. Desde o levantamento do histórico pessoal até a inserção de agulhas, a acupuntura sistêmica pode ser aplicada em todas as etapas do processo de enfermagem.
“A acupuntura segue o mesmo princípio holístico. Se você tem uma deficiência respiratória é porque algum canal energético do seu corpo a causou. Se o problema é no coração, pode ter sido um problema no braço, através do qual passa um canal energético”.
Olcerenko, que atende seus pacientes em clínica própria há dois anos, explica que o procedimento clínico da acupuntura é idêntico ao do procedimento de enfermagem: “é elaborado um questionário um pouco diferenciado do paciente, que inclui detalhes de infância, hora de nascimento, como ele se veste, o que ele come, de quais cores ele gosta, aparência de fezes, urina e hábitos sexuais. Todos os pacientes que passam pelo meu consultório têm um prontuário, que fica arquivado por um período e só eu, o acupunturista, tenho acesso a ele. O paciente tem um feedback constante”.
Depois de traçado o perfil do paciente, procura-se sua deficiência e cria-se uma meta de consultas, que muda conforme a resposta ao tratamento. Este inclui mais que a inserção de agulhas, o estímulo dos canais de energia através também das técnicas de moxa, ventosa, sangria, reeducação alimentar, de postura e aplicação de terapias complementares, como florais, cromoterapia (uso de estímulos luminosos) e fitoterapia (uso de chás e infusões). “Realmente dá resultado”, diz Olcerenko. “Pessoas já cansadas de tratamentos que agridem o organismo procuram algo mais natural. A acupuntura não tem contraindicação”.
Os canais de energia
A acupuntura foi desenvolvida há mais de 5000 anos na China, onde utilizavam-se espinhas de peixe como modo de estimular os chamados pontos de acupuntura, pontos de estimulação neurorreativas. A acupuntura moderna usa material estéril, descartável, mas os seus princípios e valores são os mesmos.
De acordo com Olcerenko, “temos canais energéticos no corpo, que traduzindo para a medicina ocidental representam um órgão. O canal do pulmão, o canal do coração, etc. Se você tem aumento, estagnação ou deficiência de energia em um canal, terá algum problema, que a medicina ocidental chama de doença. Posso ter dor de cabeça, esterilidade, estresse, sobrepeso”.
Os canais energéticos do corpo são trabalhados para desbloqueio, diminuição, estimulação ou sedação. O estímulo pode ser feito por um canal próximo, como foi o caso de uma paciente de Olcerenko que tinha muita dificuldade em emagrecer e manter o peso. “Como a acupuntura trabalha a saúde de forma mais pausada, mais lenta, demora-se mais para obter o resultado, mas ele é mais duradouro”. A paciente ficou 20 quilos mais magra em cerca de 6 meses, com base em tratamento que combinava acupuntura (canais do baço, pâncreas e estômago) e fitoterapia, e está esbelta até hoje.
“Há um trabalho especial com alimentos”, diz Olcerenko. “O paciente tem que seguir algumas orientações desde o princípio. Ela começa colocando maior diversidade de alimentos no seu prato, ela colore o prato. E cada tipo de alimento não deve ultrapassar o que cabe na palma de sua mão”.
Integridade
Em um bom curso de pós-graduação em acupuntura, fazem parte do currículo várias técnicas que aprimoram o uso das agulhas. A principal delas, com aplicação no SUS, é a auriculoterapia, a inserção de pequenas sementes ou agulhas (de 1 mm) sobre a superfície da orelha. Para a medicina chinesa, a orelha é o microssistema representativo do homem, e através dela é possível estimular virtualmente todas as partes do corpo. De acordo com Olcerenko, “a auricoloterapia dá sustentabilidade para o paciente ao longo da semana, no intervalo entre as sessões de acupuntura”. A aplicação é recoberta por um pequeno esparadrapo micropore, para que a agulha ou esferas não caiam ou entrem no ouvido durante a semana.
O profissional pode se especializar apenas em auriculoterapia em sua pós-graduação, mas este não é um requisito para aplicá-la. O profissional, independente de seu grau de formação, pode simplesmente fazer um curso de 20 a 40 horas de duração e trabalhar como profissional liberal.
Mas a pós-graduação oferece uma formação mais completa, o que segue o princípio de integridade da saúde humana (veja na tabela quais os cuidados ao procurar um bom curso de pós-graduação em acupuntura).
No SUS, a auricoloterapia e a acupuntura são pagos à instituição através de reembolso. “Melhor ainda para o enfermeiro”, afirma Olcerenko, “é montar o seu consultório de acupuntura e atender o seu paciente, atuar desvinculado de um hospital e de jornadas de trabalho”.
Autonomia
De acordo com a legislação do Estado de São Paulo, o enfermeiro com pós-graduação em acupuntura se inscreve como profissional liberal na prefeitura, tira o seu CCM (Cadastro de Contribuintes Mobiliários) e já pode exercer a profissão regularmente. Ele também pode pedir o registro da sua especialidade junto à Abena. “É mais benquisto quando ele tem o registro da especialidade reconhecido. Caso o enfermeiro se matricule em curso que não cumpra os requisitos do Ministério, ele trabalha ilegalmente perante os olhos do Coren e do Cofen e não conseguirá a certificação da Abena”, afirma Olcerenko.
Além da clínica própria, o enfermeiro acupunturista pode trabalhar em postos e escolas com a estrutura correta de acordo com os padrões de vigilância sanitária (descarte de perfuro cortantes, presença de lixo branco, etc). Nos hospitais, pela falta de profissionais formados em acupuntura, ele geralmente exercerá outras funções além da acupuntura, como aplicação de curativo e consultas de enfermagem.
Ao escolher o caminho da autonomia, o profissional terá algumas dificuldades trabalhistas. Olcerenko recomenda que o enfermeiro acupunturista busque um serviço alternativo registrado para que ele possa ter também os benefícios de CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).
“Dentro da enfermagem, é um dos ramos em que o enfermeiro tem maior autonomia enquanto profissional liberal. O mercado está bem deficiente de enfermeiros acupunturistas”.
Precauções ao escolher um curso de pós-graduação em acupuntura
O curso deve ter duração mínima de 2 anos, com carga horária nunca inferior a 1200 horas, sendo no mínimo um terço dessas horas dedicadas a atividades teóricas (Resolução Cofen 283/2003, artigo 2º).
conteúdo programático do curso deve incluir teoria e prática (com estágio e trabalho de conclusão de curso). A Abena defende que haja disciplinas curriculares específicas de técnicas complementares, como moxa, ventosa, sangria, cromoterapia, fitoterapia e florais.
Para se matricular em algum desses cursos, o profissional precisa apresentar o seu registro do Coren. Há cursos que aceitam alunos sem sequer a certificação de conclusão de curso. Esta é uma prática ilegal e caracteriza um curso oportunista.
Por enquanto, apenas o curso de pós-graduação do CETN tem o reconhecimento do ABENA. Há vários outros cursos em processo de avaliação. De acordo com Olcerenko, “o enfermeiro tem facilidades por ter se formado em um curso reconhecido”. Mas o essencial é que o curso obedeça a portaria do Ministério da Saúde.
A lista atualizada dos cursos aprovados, bem como a legislação correlata, podem ser consultados no site www.abenanacional.com.br.

Fonte: http://www.corensp.gov.br/node/33991

O que é Lennox-Gastaut?

Síndrome de Lennox-Gastaut

O que é Lennox-Gastaut? A Síndrome de Lennox-Gastaut (SLG) é um tipo bem raro de epilepsia da infância, caracterizado primariamente por convulsões frequentes, de diversos tipos, que geralmente não melhoram completamente com os medicamentos anticonvulsivantes. A SLG costuma ocorrer nos primeiros anos de vida, e vir acompanhada de disfunções cognitivas, atraso do desenvolvimento neurológico e psicomotor das crianças afetadas. A SLG representa cerca de 1-4% das epilepsias da infância.
Causas. A síndrome pode ocorrer quando houve histórico de distúrbios que levam às lesões cerebrais durante a gravidez ou logo após o nascimento (prematuridade, asfixia neonatal, baixo peso extremo ao nascimento, infecções perinatais, como encefalites, meningites ou rubéola, ocorrência de anomalias do desenvolvimento do cérebro). Entretanto, cerca de 30-35% dos casos de SLG não tem causa diagnosticada.
Sintomas e evolução. A maioria das crianças começam a se desenvolver normalmente, mas iniciam sintomas de regressão das suas habilidades, em maior ou menor velocidade, em conjunto com o início das crises convulsivas – convulsões, que quase sempre aparecem sem febre, e ficam descontroladas, a despeito do tratamento com os medicamentos anti-convulsivantes. Outros sintomas, como alterações de personalidade e comportamento, humor lábil e variável, e retardo do desenvolvimento psicomotor e cognitivo – inteligência, podem aparecer na evolução do quadro.
Exames. Além do exame clínico e neurológico, feito pelo pediatra e neuropediatra, os médicos costumam pedir exames para ajudar este diagnóstico – exames de imagem do cérebro (tomografia e/ou ressonância do crânio) e o eletroencefalograma (EEG). Este último é um exame primordial, que mostra os achados característicos da SLG – descargas do tipo ponta-onda generalizadas.
Prognóstico. O prognóstico da SLG é bastante variável de criança para criança acometida. Apenas deve-se salientar que não há até o momento uma cura para a doença, e invariavelmente haverá crises convulsivas ao longo dos anos futuros. Um desenvolvimento neuropsico-motor normal é algo bastante incomum para as crianças com SLG. Os tipos de crises, inicialmente drop attacks, podem evoluir para crises parciais, complexas e secundariamente generalizadas. É comum o controle das crises ser mais efetivo ao longo dos anos, mas os problemas de comportamento e déficits cognitivos persiste e podem piorar. Não é incomum ocorrer evolução com crises psicóticas, agressividade e irritabilidade, o que deve ser prontamente reconhecido e tratado, para um melhor convívio social dos pacientes acometidos, bem como manter os cuidadores igualmente equilibrados para o ato de cuidar. As crianças em idade escolar devem receber educação em instituições para crianças especiais, ou serem educadas em casa, om tutores pessoais. Os pais e cuidadores devem receber orientação sobre aconselhamento quanto ao futuro, a respeito de futura guarda legal e orientações sobre a vida civil dos indivíduos afetados.

Fonte: http://www.ineuro.com.br/para-os-pacientes/sindrome-de-lennox-gastaut/


quarta-feira, 28 de maio de 2014

A população idosa e o risco de quedas

A população idosa e o risco de quedas

O crescente aumento da população idosa em todo mundo tem modificado a visão acerca da velhice. Esta mudança da população vem preocupando os países em desenvolvimento por não estarem preparados ainda para atender esta população de forma adequada e humanizada. (CARVALHO, RODRIGUEZ-WONG, 2008).
Assim, uma das grandes preocupações com os idosos hoje são os riscos de quedas, sendo estas consideradas de grande importância, pois marcam o inicio do declínio da função e/ou sintoma de uma doença. A frequência das quedas pode aumentar de forma rápida com a idade, em ambos os sexos, em todos os grupos étnicos e raciais (LANGE, 2005).
Estes acidentes podem provocar fraturas, traumatismos cranianos e até mesmo a morte. Além disso, o idoso pode também perder a confiança e a vontade para caminhar devido ao medo, situação esta chamada de “síndrome pós-quedas”, fazendo com que aconteça a diminuição da mobilidade e o aumento da dependência (PAPALÉO NETTO, 2006).
Você conhece os fatores que causam os acidentes envolvendo quedas? Vamos ver quais são eles?
- Fatores Intrínsecos:
São aqueles relacionados às alterações fisiológicas do processo de envelhecimento (diminuição da visão, sedentarismo, alteração de equilíbrio e locomoção, fraqueza muscular); ou então, a uma patologia específica (doenças neurológicas, osteoporose, artrose, labirintite) e ainda ao uso de medicamentos (antidepressivos, ansiolíticos, anti-hipertensivos).
- Fatores Extrínsecos:
São aqueles relacionados ao ambiente em que o idoso interage, como sua casa, os locais públicos, o transporte coletivo, entre outros.
A prevenção pode ser realizada de diversas maneiras como:
- não utilizar tapetes escorregadios;
- aumentar a iluminação do ambiente;
- utilizar barras de apoio;
- evitar que o idoso utilize calçados escorregadios;
- não deixar objetos espalhados pelo chão;
- deixar a cama, sofás, cadeiras e até mesmo os armários com alturas adequadas para que o idoso não tenha dificuldades;
- evitar ambientes com muitos degraus, entre muitos outros.
Portanto, é fato que adaptar o ambiente para o idoso evita maiores riscos provenientes de uma queda!
Estima-se que em 2050, para cada 100 crianças de 0 a 14 anos existirão 172,7 idosos (IBGE, 2013).
Você já pensou como a prevenção do risco de quedas vai se tornar cada vez mais importante ao longo dos anos? Já parou para pensar aonde esta prevenção deve começar? E as calçadas e os locais públicos, o transporte coletivo, entre muitos outros, será que estes não necessitam de mudanças?
E nós, profissionais de enfermagem, o que podemos fazer para ajudar a evitar essas quedas? Pense nisso e compartilhe conosco suas ideias!

Texto produzido pela monitora Thais Eliana Wiezbicki

Referências
CARVALHO, J. A. M.; RODRIGUEZ-WONG, L. L. A transição da estrutura etária da população brasileira na primeira metade do século XXI. Cad Saúde Pública, v.24. n.3, p.597-605. Rio de Janeiro, mar. 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csp/v24n3/13.pdf>.  Acesso em: 22 abr. 2013.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE: População brasileira envelhece em ritmo acelerado. Disponível em: <http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=1272> Acesso em: 22 abr. 2013.
LANGE, C. Acidentes domésticos em idosos com diagnósticos de demência atendidos em um ambulatório de Ribeirão Preto, SP, 2005. 221f. [Tese Doutorado] - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005. Disponível em: < www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde.../LANGE_C.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2013.
PAPALÉO NETTO, M. O estudo da velhice no século XX: histórico, definição do campo e termos básicos. In: FREITAS, E. V. (organizadores). Tratado de geriatria e gerontologia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. p. 2-12.
SÃO PAULO. Secretaria de Gestão Pública. Centro de Estudos Ortopédicos do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual). Manual de prevenção de quedas da pessoa idosa. Disponível em: <http://www.iamspe.sp.gov.br/> Acesso em: 22 abr. 2013.
Fonte: http://programaproficiencia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=643:a-populacao-idosa-e-o-risco-de-quedas&catid=39:blog&Itemid=65


segunda-feira, 26 de maio de 2014

Hidronefrose

Hidronefrose

A hidronefrose é a distensão (dilatação) do rim pela urina, causada pela pressão de retorno sobre o rim quando se obstrui o fluxo.
Normalmente, a urina sai dos rins a uma pressão extremamente baixa. Se o fluxo da urina for obstruído, esta reflui para os pequenos tubos do rim e para a zona central de colheita (bacinete ou pélvis renal), dilatando o rim e exercendo pressão sobre os seus delicados tecidos. A pressão causada por uma hidronefrose prolongada e grave lesa finalmente os rins de tal forma que se interrompe gradualmente o funcionamento dos mesmos.
Causas
A hidronefrose é frequentemente causada por uma obstrução da união ureteropélvica (uma obstrução localizada no ponto de conexão do ureter e da pélvis renal). As causas são as seguintes:
  • Anomalias estruturais, por exemplo, quando a união do ureter à pélvis renal é demasiado alta.
  • Uma torção nesta união consequência de um deslocamento do rim para baixo.
  • Cálculos no bacinete renal.
  • Compressão do ureter por faixas fibrosas, por uma artéria ou veia localizada anormalmente ou por um tumor.
A hidronefrose também pode ser produzida por uma obstrução por baixo da união do ureter e da pélvis renal ou por refluxo da urina desde a bexiga. As causas compreendem as seguintes:
  • Cálculo no ureter.
  • Tumores no ureter ou perto do mesmo.
  • Estreitamento do ureter em resultado de um defeito de nascença, de uma lesão, de uma infecção, de radioterapia ou cirurgia.
  • Perturbações dos músculos ou dos nervos do ureter ou da bexiga.
  • Formação de tecido fibroso no ureter ou à volta do mesmo provocada por cirurgia, raios X ou medicamentos (especialmente metisergida).
  • Um ureterocele (deslizamento da extremidade inferior de um ureter dentro da bexiga).
  • Cancro na bexiga, no colo do útero, na próstata ou em outros órgãos pélvicos.
  • Uma obstrução que impeça que a urina passe da bexiga para a uretra, quer seja por um aumento do tamanho da próstata, quer por uma inflamação ou cancro da mesma.
  • Refluxo da urina desde a bexiga para o ureter, provocado por um defeito de nascença ou por uma lesão.
  • Uma infecção grave das vias urinárias que impeça temporariamente que o ureter se contraia.
Em algumas ocasiões, a hidronefrose produz-se durante a gravidez se o útero aumentado comprimir os ureteres. As alterações hormonais durante a gravidez podem agravar o problema pela redução das contracções dos ureteres que normalmente fazem passar a urina para a bexiga. Este tipo de hidronefrose geralmente termina ao finalizar a gravidez, embora a pélvis renal e os ureteres possam ficar posteriormente um pouco dilatados.
A distensão da bacinete renal durante muito tempo pode inibir as contracções musculares rítmicas que normalmente fazem passar a urina dos ureteres para a bexiga. O tecido fibroso não funcional pode substituir o tecido muscular normal das paredes do ureter, dando como resultado uma lesão permanente.

Sintomas
Os sintomas dependem da causa da obstrução, sua localização e duração. Quando a obstrução começa rapidamente(hidronefrose aguda), produz em geral uma cólica renal (dor aguda intermitente e muito forte no flanco, na zona localizada entre as costelas e a anca, sobre o lado afectado). Quando progride lentamente (hidronefrose crónica), pode não produzir sintomas, ou então haver ataques de dor surda no flanco do lado afectado. O médico pode notar ao tacto uma massa no flanco de um lactente ou de uma criança, especialmente quando o rim está muito aumentado. A hidronefrose pode ser um processo que evolui com uma dor terrível de forma intermitente, em resultado de um excessivo tempo de acumulação da urina na pélvis renal ou da obstrução transitória do ureter causada por um rim que se deslocou para baixo.
Cerca de 10 % das pessoas com hidronefrose têm sangue na urina. As infecções das vias urinárias, com pus na urina (identificado geralmente numa análise complementar), febre e queixas na zona da bexiga ou do rim, são bastante frequentes. Quando se obstrui o fluxo da urina, podem formar-se pedras (cálculos). As análises de sangue podem detectar uma alta concentração de ureia, que indica que os rins não estão a eliminar quantidades suficientes deste produto residual do sangue. A hidronefrose pode causar leves sintomas intestinais, como náuseas, vómitos e dores abdominais. Estes sintomas por vezes surgem nas crianças com hidronefrose provocada por um defeito de nascença, em que a união da pélvis renal e do ureter é demasiado estreita. Se este processo não for tratado, a hidronefrose acaba por lesar os rins e pode terminar em insuficiência renal.
Diagnóstico
Para diagnosticar a hidronefrose utilizam-se vários procedimentos. A ecografia pode proporcionar boas imagens dos rins, dos ureteres e da bexiga e é especialmente útil nas crianças. Por meio de uma urografia endovenosa, os rins podem ser radiografados depois da inoculação no sangue de uma substância radiopaca, a qual pode ser vista através de raios X. Podem obter-se imagens com raios X da bexiga e da uretra depois de a substância radiopaca injectada ter passado através dos rins ou depois de se ter introduzido essa substância nas vias urinárias através da uretra (urografia retrógrada). Estes exames podem oferecer informação acerca do fluxo urinário através dos rins. A cistoscopia, em que um tubo de observação que contém um dispositivo de fibra óptica se introduz no interior da uretra, é usada para observar directamente o interior da bexiga.
Tratamento e prognóstico
As infecções das vias urinárias e a insuficiência renal, quando estão presentes, devem ser rapidamente tratadas.
Na hidronefrose aguda, a urina que se acumulou no rim acima da obstrução, deve ser drenada o mais depressa possível (geralmente com uma agulha introduzida através da pele) quando a função renal diminuiu, a infecção persiste ou a dor é forte. Se a obstrução for completa, a infecção for grave ou houver cálculos, pode-se introduzir temporariamente através de um lado do corpo um cateter no interior do bacinete renal, para drenar a urina.
hidronefrose crónica corrige-se por meio do tratamento da causa e da eliminação da obstrução urinária.
Se existir uma porção estreita ou anormal de um ureter, esta pode ser extirpada cirurgicamente e depois unem-se as extremidades cortadas. Por vezes é necessária a cirurgia para libertar os ureteres do tecido fibroso. Quando a união dos ureteres com a bexiga está obstruída, podem desprender-se cirurgicamente os ureteres e depois ligá-los a outra zona da bexiga.
Quando se obstrui a uretra, o tratamento pode incluir medicamentos (como uma terapia hormonal contra o cancro da próstata), a cirurgia ou a dilatação da uretra por meio de dilatadores. Podem ser necessários outros tratamentos para os cálculos que obstruem a passagem da urina.
A cirurgia para corrigir a hidronefrose aguda em um ou em ambos os rins geralmente é eficaz sempre que a infecção possa ser controlada e os rins funcionem adequadamente. O prognóstico é menos optimista para a hidronefrose crónica.

Foto Legenda:
Hidronefrose: um rim dilatado
Na hidronefrose, o rim encontra-se dilatado porque o fluxo da urina está obstruído e esta regressa para os pequenos tubos do rim e para a zona central de colheita (bacinete ou pélvis renal).
Fonte: http://www.institutodorimcm.com.br/?pg=noticias&id=33