Olhar
dos profissionais de enfermagem perante os pacientes de epilepsia.
26
de março, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da
Epilepsia, mais conhecido como Purple Day (Dia do Roxo), que
conscientiza a população ao redor do mundo a respeito da síndrome.
O chamado Purple Day foi criado em 2008 por Cassidy Megan, uma
criança na época com 9 anos, que vivia em Nova Escócia, no Canadá,
com a ajuda da Associação de Epilepsia da Nova Escócia (EANS). A
menina escolheu a cor roxa para representar a epilepsia por causa da
lavanda. Essa flor é geralmente associada à solidão, que
representa os sentimentos de isolamento que muitas pessoas com
epilepsia sentem....
O que é a epilepsia?
A
epilepsia é uma síndrome que tem como características um conjunto
de sinais originados de um grupo de neurônios disfuncionais que
emitem descargas elétricas atípicas ou irregulares, podendo ser
focais (conhecidas como parciais) ou generalizadas (quando atingem
todo o cérebro).
As crises de epilepsia podem ser dividas
em parciais ou generalizadas, sendo que as parciais atingem apenas
uma parte do cérebro e as generalizadas afetam todo o cérebro.
As
causas mais comuns da epilepsia não têm uma causa identificada, em
torno de 55 a 65%. As demais têm origem em alguma doença
cerebrovascular (10 a 20 %), tumores (4 a 7%), trauma (2 a 6%) e
infecção (0 a 3%).
O diagnóstico é realizado pela
análise dos sintomas e do exame físico. Também podem ser
solicitadas análises complementares como o eletroencefalograma (EEG)
e neuroimagem. Uma vez identificada a disfunção, o tratamento já
deve ser iniciado.
Tratamento
O
tratamento da epilepsia é realizado através de medicamentos que
evitam as descargas elétricas cerebrais anormais, que são a origem
das crises epilépticas. Em alguns casos, acontecem crises
incontroláveis, onde os pacientes são candidatos à intervenção
cirúrgica.
O paciente pode apresentar lesões,
dificuldade respiratória e capacidade mental diminuída. As lesões
comuns incluem arranhões e contusões sofridas quando ele bate em
objetos durante a crise e a lesão traumática à língua provocada
por mordidas.
Se houver a suspeita de uma lesão grave,
como uma fratura ou laceração, o profissional de enfermagem deve
avaliar adequadamente e encaminhar para o serviço específico.
Alterações na função respiratória podem incluir a aspiração, a
obstrução das vias aéreas e hipoxemia....
Epilepsia:
saiba o que evitar no tratamento da doença...
Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Epilepsia é uma doença
que acomete cerca de 50 milhões de pessoas ao redor do mundo. Há
vários tratamentos eficazes que agem no controle dos sintomas, porém
alguns outros procedimentos não devem aplicados. A campanha Choosing
Wisely (Escolhendo com Sabedoria), da American Epilepsy Society,
orienta cinco estratégias que devem ser evitadas ou questionadas no
tratamento de pessoas que sofrem com o transtorno....
Confira os direcionamentos:
1. Evite monitoramento constante dos níveis de AED
A
testagem dos níveis de droga antiepiléptica (AED) não
deve ser aplicada periodicamente nos casos em que as convulsões
estão sob controle e não há sinais de efeitos colaterais ou
complicações. O monitoramento dos níveis de AED deve ser
efetuado em casos específicos, como ajustes na dosagem de
medicamento em crianças conforme o peso, suspeita de intoxicação e
em mulheres grávidas.
2. Não trate mães
potencialmente grávidas com Valproato se outros procedimentos se
mostrarem eficazes
Como
o Valproalto é associado a diversos casos de má-formação
congênita ou aborto espontâneo, seu uso é desaconselhado se a
paciente apresentar algum indício de gravidez. Se a aplicação do
fármaco for realmente necessária, priorize as menores doses
possíveis. Mulheres grávidas devem ser orientadas sobre os riscos
do medicamento.
3. Eletroencefalograma (EEG) não deve
ser usado periodicamente como parte do tratamento para síncope
O
Eletroencefalograma pode dar negativo para muitos pacientes com
epilepsia e também dar falso positivo em pessoas que não possuem o
distúrbio, o que pode levar à prescrição errada do AED e
atrasar o diagnóstico e o consequente tratamento da síncope. A
recomendação é realizar testes para confirmar se o paciente tem de
fato epilepsia.
4. Evite prescrição de fármaco
antiepiléptico em pacientes em crises de abstinência aguda
Pessoas
com crises de abstinência a álcool ou outras drogas não devem ser
medicadas com remédios antiepilépticos. Ainda assim é importante
identificar situações em que pode haver risco de ataque epiléptico,
como disgnóstico anterior de epilepsia e convulsões em pacientes
usuários de álcool mas que não estão sofrendo com crises de
abstinência.
5. Não realize exames de imagem do
cérebro após paciente com epilepsia sofrer crise compulsiva aguda
Exames
desnecessários de imagem aumentam a exposição do cérebro à
radiação, mesmo assim são realizados quando pacientes no início
do tratamento sofrem convulsões. O exame deve ser cogitado em certas
ocasiões como quando há convulsão proveniente de trauma ou quando
os testes realizados na fase pós-ictal são inconclusivos.
Cuidados de Enfermagem
Os
cuidados dos profissionais de enfermagem perante os pacientes
portadores de epilepsia devem englobar tanto conhecimentos
científicos relacionado à patologia, como o olhar do indivíduo
como um todo, demonstrando o manejo adequado para o paciente,
principalmente em casos de crises epilépticas, como ajudar a
proteger o paciente contra lesões, aspiração e obstrução das
vias aéreas durante a ocorrência de crises.
Para alterar
o quadro atual, discriminatório e estigmatizado da epilepsia, é
importante a educação da população, e em particular, dos
profissionais da área da saúde devido ao efeito multiplicador de
conhecimentos e atitudes gerados pelas suas ações.
O
olhar da enfermagem, a informação, a orientação, a identificação
dos tipos de aura e as precauções que devem ser tomadas frente às
crises convulsivas representam fatores indispensáveis os quais o
paciente epilético tem o direito de receber e a equipe de saúde a
obrigação de oferecer enquanto cuidadores.
Em todas as
situações, o enfermeiro deve atuar esclarecendo as dúvidas,
mostrando-se compreensivo nas fases de descoberta da doença até a
sua aceitação e adequação da melhor forma de tratamento. O uso
correto das medicações anticonvulsivantes implica num fator
indispensável para o sucesso do tratamento, uma vez que poderá
melhorar a sua qualidade de vida.
Os pacientes com
epilepsia devem ser estimulados a praticar o seu autocuidado, dentro
das suas particularidades, assim como praticar exercícios físicos
que não envolvam riscos desnecessários e cultivar hábitos de vida
saudáveis.…
O
que você não pode esquecer de informar seu paciente com epilepsia?…
Dando
sequência à nossa série especial em epilepsia, apresentaremos
informações importantes que devem ser transmitidas aos pacientes e
familiares durante a avaliação médica.
Falaremos sobre
epilepsia relacionada à direção, atividade física e atividades
laborais. Outros temas frequentes podem ser vistos nos sites da
Associação Brasileira de Epilepsia e Liga Brasileira de Epilepsia
(como o que fazer diante de uma crise epileptica, para o leigo –
ver referência no final).
Se você ainda não viu, não
deixe de ler os demais artigos da série! Sem mais delongas,
vamos lá!...
Epilepsia e legislação de trânsito
Apesar
de diversas condições médicas terem o potencial de levar a
acidentes de trânsito em caso de descompensação (por ex.
Hipoglicemia em pacientes com DM), a epilepsia é aquela em que há a
legislação mais específica. Tal fato torna tanto paciente quanto
medico assistente corresponsáveis em caso de acidentes. Deste modo,
é imprescindível tanto informar o paciente dos riscos inerentes à
sua condição quanto registrar em prontuário.
Antes de
tudo, o paciente, para ser considerado apto, SEMPRE deve ter o
parecer favorável do médico assistente, habilitação APENAS para
categoria “B”, NUNCA ser motorista profissional.
Mas
o que mais diz a lei?
As pessoas com epilepsia
em uso de medicamento (grupo I), para serem consideradas aptas a
dirigir deverão ainda: estar há um ano sem crises epilépticas, de
qualquer tipo e ser plenamente aderente ao tratamento.
As
pessoas com epilepsia em retirada de medicação por sua vez (grupo
II) deverão: não ter EMJ; estar, no mínimo há dois anos sem
crises epilépticas de qualquer tipo; retirada de medicação mínima
de seis meses; e estar, no mínimo, há seis meses sem crises
epilépticas de qualquer tipo após a retirada da medicação....
Quando
o parecer do médico assistente for desfavorável, o resultado do
exame deverá ser “inapto temporariamente” ou “inapto”,
dependendo do caso. Quando considerados aptos no exame pericial, os
seguintes critérios deverão ser observados:
1)
Diminuição do prazo de validade do exame, a critério médico, na
primeira habilitação;
2) Repetição dos procedimentos nos
exames de renovação da CNH;
3) Diminuição do prazo de
validade do exame, a critério médico, na primeira renovação e
prazo normal nas seguintes para os candidatos que se enquadrem no
grupo I;
4) Prazo de validade normal a partir da primeira
renovação para os candidatos que se enquadrem no grupo
II.
Epilepsia e
atividade física
A
prática de atividade física é sempre vista como positiva para a
maioria da população, porém frequente motivo de dúvidas para quem
tem epilepsia. Apesar de ter o potencial de melhorar a qualidade de
vida de tais pacientes, alguns cuidados devem ser observados em
relação ao risco de se praticar determinados exercícios.
Podemos,
então, classificá-los em 3 grupos:
Grupo
1 Baixo risco
Grupo 2 Médio risco para os pacientes com
epilepsia, nenhum risco para espectadores
Grupo 3 Alto risco
para os pacientes com epilepsia e/ou para espectadores e devem ser
evitados
Grupo 1 Atletismo (exceto salto com vara);
dança; esportes coletivos de contato; esportes coletivos de quadra
ou campo; boliche; tênis.
Grupo 2 Ciclismo; Skate; esportes
coletivos de contato com risco potencial (boxe, karatê);
levantamento de peso; natação; ginástica; hipismo; tiro ao alvo;
tiro com arco; canoagem; salto com vara.
Grupo 3 Surf; Windsurf;
aviação; mergulho; escalada; paraquedismo; velejamento sem
acompanhante.
Epilepsia
e atividades laborais
Os
pacientes com epilepsia compensada podem e devem realizar as
atividades normalmente, com o benefício adicional da manutenção da
autoestima de tais indivíduos. Porém, quando descompensada, deve-se
optar pelo afastamento das atividades associadas a maior risco de
lesões para o paciente ou terceiros.
As atividades de
alto risco são: as que envolvam trabalho em altura, motorista, babá,
piloto, cirurgião, operador de máquinas industriais, trabalho junto
ao fogo (cozinheiro, padeiro, bombeiro, soldador), guarda-vidas,
mergulhador e quaisquer outros que em meio a uma possível crise,
coloquem em risco a sua vida e de terceiros envolvidos.
Além
disso, infelizmente, mesmo que não realize uma atividade de alto
risco, os pacientes tem que lidar com questões extras que devem ser
levadas em consideração como: efeitos colaterais das medicações
(cognição, sonolência, tontura, náuseas, etc), medo de apresentar
a crise epiléptica em ambiente público e demissões frequentes sem
justa causa logo após apresentar as primeiras crises no ambiente de
trabalho.
É fundamental, em todos os três casos citados,
analisar as características da crise, o risco de recorrência, o
diagnóstico de síndrome específica e a aderência e grau de
compreensão do paciente, buscando sempre o equilíbrio entre
autonomia e autoestima do paciente x segurança deste e para aqueles
que o cercam....
Referências:
http://www.choosingwisely.org/societies/american-epilepsy-society/…
Capovilla,
G., Kaufman, K. R., Perucca, E., Moshé, S. L. and Arida, R. M.
(2016), Epilepsy, seizures, physical exercise, and sports: A report
from the ILAE Task Force on Sports and Epilepsy. Epilepsia, 57: 6–12.
doi: 10.1111/epi.13261.
Dúvidas Frequentes. Associação
Brasileira de Epilepsia. Disponível em:
https://www.epilepsiabrasil.org.br/duvidas-frequentes. Acessado em
17/03/2019.
Legislação do Detran. Liga Brasileira de
Epilepsia. Disponível em:
http://epilepsia.org.br/duvidas-frequentes/legislacao-do-detran/.
Acessado em 11/03/2019.…
https://www.epilepsiabrasil.org.br/noticias/purpla-day-dia-mundial-de-conscientizacao-da-epilepsia
http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/50819-dia-mundial-de-conscientizacao-da-epilepsia
https://biblioteca.unilasalle.edu.br/docs_online/tcc/graduacao/enfermagem/2007/dmcruz.pdf...
Fonte: https://pebmed.com.br/epilepsia-saiba-o-que-evitar-no-tratamento-da-doenca/
Foto: https://epilepsiabrasil.org.br/noticias/voce-sabe-como-ajudar-durante-uma-crise-convulsiva
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