Médicos fazem alerta para chicungunha
Especialistas se mobilizam por novo protocolo de controle da dor causada pela doença, que em alguns casos é crônica
Cinthya Leite
Doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a chicungunha tem chamado atenção dos médicos
Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem
Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem
Médicos que trabalham nas emergências do Recife têm observado este mês um volume maior de pacientes com dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dedos, tornozelos e pulsos – sintomas clássicos de chicungunha, cujo vírus teve circulação identificada no Brasil, pela primeira vez, em 2014. “Acreditamos que o cenário será o mesmo no mês de janeiro. A maior preocupação é que, com esse provável pico de circulação do vírus chicungunha, mais pessoas devem apresentar dor crônica e de difícil controle com os analgésicos habituais. Por isso, já existe uma mobilização para que seja adotado um novo protocolo de controle da dor, um sinal que merece atenção porque prejudica muito a qualidade de vida”, diz o médico Carlos Brito, membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde.
Ontem, durante o Fórum zika vírus: mitos e verdades, realizado no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), ele chamou atenção para a necessidade de o Estado se preparar para dar um suporte contínuo aos pacientes com chicungunha, já que muitos deles relatam cerca de dois meses de sintomas. “Cerca de 30% a 50% da população adoecem quando um vírus começa a circular. Metade desse percentual pode cronificar com dor por um período mínimo de dez dias. Em alguns casos, esse sintoma passa de 60 dias”, acrescenta o médico, que alerta para a importância de ajustes na prescrição dos medicamentos que controlam as manifestações da doença, como sofrimento, dificuldade para andar e impacto na realização das atividades diárias.
“Em linhas gerais, diante da dor leve, o paciente pode continuar a usar os analgésicos habituais, mas em horários fixos. Com quadros de dores mais intensas, pode-se pensar em alternar analgésicos e também em prescrever opioides”, acrescenta Carlos Brito. É importante frisar que qualquer medicação só deve ser usada com o aval dos médicos.
Ainda durante o fórum realizado ontem, a presidente da Associação Médica de Pernambuco (AMPE), Helena Maria Carneiro Leão, ressaltou que os reumatologistas também estão preocupados com o volume de pacientes nos consultórios que apresentam sintomas de chicungunha. “Alguns apresentam um quadro de dor articular severo, que prejudica a capacidade laboral. A literatura mostra que, em países que passaram por epidemia, 49% dos casos de infecções pela doença se cronificam. E no idoso, a chicungunha pode ser ainda mais prejudicial”, frisa Helena.
Fonte: http://m.jc.ne10.uol.com.br/canal/cidades/saude/noticia/2015/12/22/medicos-fazem-alerta-para-chicungunha-213644.php
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