sábado, 18 de abril de 2015

O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E A ASSISTÊNCIA AO IDOSO

O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E A ASSISTÊNCIA AO IDOSO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e que adquire características muito peculiares em nosso país, dada a velocidade com que vem se instalando. Estimativas apontam para uma cifra de 32 a 33 milhões de pessoas com mais de 60 anos2 no ano de 2025. Antes denominado um país de jovens, hoje o Brasil já pode ser considerado um País estruturalmente envelhecido, segundo padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde. Desta forma, é fundamental que as pessoas em geral e os profissionais de saúde em especial compreendam o processo de envelhecimento e suas peculiaridades de forma a direcionarem seus esforços na construção de um futuro digno e humano a todos. 

Dentre as muitas definições de envelhecimento, temos utilizado a citada por BABB e adotada pela OPAS na qual "...envelhecer é um processo seqüencial, individual, acumulativo, irreversível, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto aumente sua possibilidade de morte." 

Desta definição, ressaltam-se alguns pontos: 

1o. o envelhecimento é um processo e, assim sendo, é algo que vai sendo construído no transcorrer da existência humana. Não ficaremos velhos aos 60, 70 ou 80 anos, estamos envelhecendo a cada dia, porém dificilmente isto é aceito pelas pessoas em virtude de mitos e esteriótipos socialmente impostos que colocam o velho como uma seção à parte da sociedade para a qual só gera ônus, uma vez que já não faz mais parte do mercado produtivo. Estas imposições sociais são tão expressivas que, na maioria das vezes, as pessoas se referem aos idosos como aqueles que têm pelo menos 15 anos mais que elas, independente da idade que as mesmas possuem. É interessante, no entanto, relembrar que só não ficará idoso ou velho o indivíduo que morrer jovem, o que, sem dúvida, não é anseio nem das pessoas, e tampouco da ciência que há muito vem trabalhando para prolongar os anos de existência do ser humano. 

2o. envelhecer é um processo fisiológico e natural pelo qual todos os seres vivos passam e é, sem dúvida, a maior fase do desenvolvimento humano. Nascemos, crescemos e amadurecemos; deste momento até a nossa morte, passamos a vida toda envelhecendo. Nesta fase, várias alterações fisiológicas ocorrerão de modo mais ou menos acentuado e com velocidades variáveis entre as diferentes pessoas geralmente relacionados a variáveis pessoais. 

Tais alterações têm por característica principal a diminuição progressiva de nossa reserva funcional. Isto significa dizer que um organismo envelhecido, em condições normais, poderá sobreviver adequadamente, porém, quando submetido a situações de estresse físico, emocional, etc; pode apresentar dificuldades em manter sua homeostase manifestando, assim, sobrecarga funcional, que pode culminar em processos patológicos. 

O conhecimento e a compreensão de tais alterações são fundamentais para evitar dois grandes equívocos assistências citadas por JACOB Fo onde: 

• sinais e sintomas próprios da senescência são equivocadamente atribuídos a doenças, determinando a realização de exames e tratamentos desnecessários. Nada mais é do que "diagnosticar" o envelhecimento como doença; 
• todas as alterações encontradas em um idoso são erroneamente atribuídas ao seu envelhecimento natural, impedindo a detecção de processos patológicos passíveis de tratamento e/ou cura. 

Neste capítulo, busca-se discorrer sobre alguns aspectos do processo de envelhecimento e suas conseqüências e refletir sobre o cuidado com a pessoa idosa. 

2 Segundo a Lei no. 8842/94 que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, em seu cap.I, art. 2o., "considera-se idoso, para efeitos desta lei, a pessoa maior de 60 anos de idade".

Aspectos Psicológicos e Cognitivos 
A compreensão do estado emocional de um idoso implica na contextualização de sua história de vida, considerando que suas reações emocionais provavelmente estão diretamente relacionadas com as vivências que acumulou no transcorrer de sua existência. 

Segundo GAVIÃO, "...devemos esperar de um adulto psiquicamente saudável um equilíbrio efetivo entre a satisfação de suas necessidades pessoais e a de seus objetos de amor; maior tolerância às frustrações e controle dos impulsos agressivos, uma auto imagem positiva e maior eficácia na avaliação da realidade", aspectos estes considerados essenciais a um envelhecimento bem-sucedido, que dependerá, portanto, de laços afetivos satisfatórios, tolerância ao estresse, espontaneidade, otimismo, capacidade de atualizar-se e de sentimentos de segurança e auto-estima. 

Um envelhecimento bem-sucedido relaciona-se à maneira pela qual um idoso consegue adaptar-se às inúmeras situações de ganhos e perdas com as quais se depara. Conforme explicita NERI, esta "balança" torna-se menos positiva com o passar dos anos em decorrência de inúmeras perdas normalmente vivenciadas pelos idosos, como, por exemplo a aposentadoria, mudanças nos papéis sociais, os handcaps, perda de entes queridos, maior distanciamento dos filhos, perdas cognitivas e de funções orgânicas, alterações na própria auto-imagem e consciência da maior proximidade da morte. 

O enfrentamento de tais situações está diretamente relacionado à maneira pela qual o indivíduo vivenciou e se posicionou previamente em situações parecidas. Isto é denominado competência intelectual (EBERSOLE), onde "Envelhecer bem é aceitar a velhice como um bem. Para atingir a sabedoria e a serenidade e para inventar uma nova maneira de viver, é preciso ter sido capaz de adaptar-se ao longo da vida. Na medida em que se soube viver, também se deve saber e ser capaz de envelhecer" (Apud DUARTE, 2000). 

Adaptação, no entanto, é diferente de resignação. Ao se adaptar, um indivíduo continua a viver utilizando-se de estratégias que o auxiliam na conservação de sua auto-estima, mantendo um equilíbrio mínimo e o estimulando a enfrentar novos desafios. 

Os aspectos positivos relacionados a esta fase da vida dizem respeito ao acúmulo de experiência e à compreensão ampla, realista e objetiva da própria existência. Sua contribuição na construção da história viva de uma sociedade é fundamental e se relaciona à valorização de seu passado e de seus conhecimentos e vivências. 

Assim, senescência psíquica, conforme descrito por GAVIÃO, "...é a possibilidade do idoso encontrar satisfação de viver, apesar do enfrentamento de perdas ou de um estado de doença, o que dependerá de um funcionamento psíquico no qual prevaleçam sentimentos amorosos e construtivos mesmo em situações adversas. Reações depressivas, algum nível de ansiedade e de instabilidade emocional são esperados e não devem ser confundidos com psicopatologias." Já a senilidade psíquica, continua a autora, está mais diretamente relacionada a psicasopatologias prévias, onde o profissional de saúde que se depara com sintomas emocionais, tais como: alto nível de angústia, desmotivação, agressividade acentuada e comportamentos bizarros; deverá solicitar um psicodiagnóstico cuidadoso para o adequado acompanhamento deste idoso. 

A diminuição fisiológica de algumas funções cognitivas representa um dos maiores fantasmas para os idosos por significar uma ameaça ao seu bem-estar e à sua auto-estima. As perdas neurológicas, no entanto, são as primeiras a aparecerem. Do nascimento, a partir de um total de cerca de 10 bilhões, há uma perda de 50.000 neurônios por dia. Estudos indicam que nos idosos estas perdas situam-se na faixa de 20 a 40%. Apesar desta diminuição progressiva, ela não impede o funcionamento mental e psicológico do idoso. 

As funções intelectuais mais atingidas são a memória, o tempo de reação e a percepção, estas últimas são expressas pela redução da capacidade de receber e tratar informações provenientes do meio ambiente, prejudicando sua capacidade de interação e interferindo na sua capacidade de adaptação. Aos profissionais cabe auxiliar os idosos na adaptação frente a estas perdas, de modo que eles possam se manter alertas e em contato com o meio. 


O quadro a seguir sintetiza algumas das alterações mais frequentemente observadas nos idosos mais freqüentemente e sugere algumas intervenções: 
MODIFICAÇÕES NAS FUNÇÕES COGNITIVAS

INTELIGÊNCIA 
a. não se pode afirmar que haja declínio acentuado com o avançar da idade 
b. maior estabilidade e performance intelectual 
c. fadiga mental, desinteresse, diminuição da atenção e concentração geralmente estão associadas ao intelectual 
c. fadiga mental, desinteresse, diminuição da atenção e concentração geralmente estão associadas ao declínio da inteligência 
d. estudos mostram uma relação direta entre a presença de doenças e o declínio das capacidades cognitivas 
e. características pessoais como aptidões intelectuais anteriores, escolaridade, nível socioeconômico e atividades influenciam a performance intelectual 
f. há um ligeiro declínio nas aptidões psico-motoras em especial as relacionadas à coordenação, à agilidade mental e aos sentidos (visão e audição) levando os idosos a um desempenho menos satisfatório quando submetidos a testes que exigem rapidez de execução, longa duração, são muito competitivos e só estimulam aptidões não verbais,


INTERVENÇÕES
INTELIGÊNCIA 
a. manutenção das aptidões através do contínuo desempenho de atividades cognitivas 
b. propiciar constantemente novas oportunidades de aprendizado 
c. disponibilizar tempo adequado para a realização de testes de inteligência, preferindo os que incidem sobre a percepção 
d. evitar testes cronometrados e dar importância relativa ao tempo de realização dos mesmos 
e. estimular a volta aos estudos(grupos de terceira idade) ou ao desempenho de atividades laborativas
MEMÓRIA E APRENDIZAGEM 
a. dar tempo suficiente para a memorização e aprendizado respeitando o ritmo do idoso 
b. considerar aprendizados anteriores 
c. valorizar e utilizar a memória de longo prazo 
d. utilizar a memória visual

MEMÓRIA E APRENDIZAGEM 
a. as alterações na memória e aprendizagem dos idosos não estão claramente identificadas mas há indicações de prováveis relações com as alterações químicas, neurológicas e circulatórias que afetam a função cerebral como diminuição dos neurônios do SNC, diminuição da eficácia da oxigenação e nutrição celular e diminuição na aprendizagem associada às deficiências nas sinapses 
b. diminuição motivação, diminuição estado de saúde e experiências prévias de aprendizagem parecem influir nas modificações observadas no envelhecimento 
c. assimilação mais lenta 
d. diminuição da memória a curto prazo (imediata) 
e. conservação da memória de longo prazo (fixação) 
f. conservação da capacidade de aprendizagem 
g. dificuldade na organização e utilização das informações armazenadas 
h. diminuição da memória visual e auditiva a curto prazo


MEMÓRIA E APRENDIZAGEM 
a. dar tempo suficiente para a memorização e aprendizado respeitando o ritmo do idoso 
b. considerar aprendizados anteriores 
c. valorizar e utilizar a memória de longo prazo 
d. utilizar a memória visual 
e. considerar limites físicos e intelectuais 
f. propor sessões curtas 
g. utilizar vocabulário simples 
h. evitar a memorização de coisas não essenciais 
i. valorizar os esforços 
j. repetir intencionalmente 
k. ser o mais concreta e realista possível 
l. utilizar materiais manipuláveis


TEMPO DE REAÇÃO 
a. diminuição da rapidez dos reflexos e da execução de gestos 
b. aumento do tempo de reação 
b1. diminuição da acuidade visual e auditiva 
b2. diminuição da resposta motora a um estímulo sensorial 
b3. diminuição da memória recente 
b4. diminuição da motivação 
b5. ausência de contatos significativos 
b6. presença de doenças

TEMPO DE REAÇÃO 
a. planejar as intervenções junto com os idosos adequando-as a suas alterações 
b. auxiliar na compreensão destas alterações permitindo assim uma melhor adaptação do mesmo

Extraído de Berger,L; Mailloux-Poirier, M Pessoas Idosas: uma abordagem global, Lusodidacta, 1995.

Aspectos Bio Funcionais 
O processo de envelhecimento se inicia geralmente na segunda década de vida, porém é pouco perceptível. Já, ao final da terceira década surgem as primeiras alterações funcionais ou estruturais. A partir da quarta década há uma perda aproximada de 1% da função/ano nos diferentes sistemas orgânicos. 

Estas alterações fisiológicas possuem um efeito acumulativo e gradativamente vão diminuindo A RESERVA funcional do indivíduo comprometendo sua capacidade de adaptação às modificações do meio interno e/ou externo. CONFORT caracterizou o envelhecimento pela progressiva incapacidade de manutenção do equilíbrio homeostático em condições de sobrecarga funcional. A homeostase representa um equilíbrio dinâmico e compreende a automaticidade dos mecanismos homeostáticos e a ritmicidade das alterações produzidas no meio interno que se diversificam ao longo do tempo. 

Os mecanismos homeostáticos são processos de auto-regulação que preservam a capacidade de um organismo para se adaptar aos estressores e simultaneamente manter o equilíbrio interno. Tais mecanismos são desenvolvidos junto à evolução humana e se destinam à manutenção automática do equilíbrio interno a despeito das agressões a que possa ser submetido. Preservam, portanto, a integridade do organismo, contrabalanceando os estressores e compensando suas conseqüências, procurando, assim, corrigir automaticamente quaisquer desvios da normalidade. Estão intimamente relacionados ao sistema neuro-endócrino enviando sinais para os sistemas cardiovascular, respiratório, genitourinário, digestivo e renal. A descompensação de um sistema produz desequilíbrios em outros sistemas. Tais mecanismos visam minimizar a diferença entre a forma pela qual um sistema funcionaria idealmente e a forma pela qual, de fato, ele está funcionando. Isto ocorre dentro de limites controlados (feedback; interação do meio interno com o meio ambiente), levando ao que se denomina equilíbro homeostático. 

Quando o sistema homeostático está comprometido (o que ocorre com o avançar da idade), o organismo pode, frente a um fator estressor, entrar em ruptura completa ou numa situação de funcionamento inteiramente nova. 

A progressiva diminuição da capacidade de manutenção do equilíbrio homeostático observada nos idosos, em condições basais, normalmente não produz distúrbio funcional, porém, sob influência acentuada de fatores estressores, há um aumento da probabilidade do desenvolvimento de morbidades. 

As alterações biofuncionais observadas no envelhecimento podem ser classificadas de várias formas. Por ser de mais fácil compreensão, adotamos neste texto a proposta por KENNEY onde: 

a) a função é afetada em condições basais ou de repouso (por exemplo: órgãos dos sentidos); 
b) a função é afetada apenas quando o órgão ou sistema é solicitado a aumentar sua atividade (por exemplo: s. cardiovascular, s. respiratório, etc) 

O quadro a seguir demonstra as principais alterações biofisiológicas verificadas no processo de envelhecimento: 


ALTERAÇÕEALTERAÇÕES BIOFISIOLÓGICAS OBSERVADAS NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTS ORGÂNICAS 
COMPOSIÇÃO CORPÓREA. 
. diminuição da água corporal total (de 70% em crianças para 52% no idoso) OBS: O idoso fica assim a um limite tênue da desidratação. Perdas moderadas de líquidos podem evoluir rapidamente para um processo de desidratação evidente. 

GORDURA.
. Há uma distribuição mais centrípeta da gordura corporal 

ESTATURA. 
. Mantém-se até os 40 anos, depois diminui cerca de 1 cm por década 
. Esta diminuição acentua-se após os 70 anos em virtude de: 
• achatamento vertebral. 
• redução dos discos intervertebrais 
• presença de cifose dorsal 
• arqueamento dos MMII 
• achatamento do arco plantar 

PESO. 
. tendência a diminuir após os 60 anos em virtude da diminuição da MASSA MUSCULAR e â do peso dos órgãos. 

ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS 

"Fascies" do idoso (estas extremidades apresentam crescimento contínuo): 
. Aumento da circunferência craniana
. Aumento da amplitude do nariz 
. Aumento do pavilhão auricular 

Tórax senil: 
. Aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax 
. Aumento do diâmetro transverso do tórax

Baseado em RUIPÉREZ, I; LLORENTE, P Geriatria, McGraw Hill, Rio de Janeiro, 1998.
ALTERAÇÕES BIOFISIOLÓGICAS OBSERVADAS NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO (cont.)
instalação de lesões. 
. hipertrofia das células de pigmentação (manchas senis). 
. despigmentação e palidez (diminuição de capilares e melanócitos) 

PELOS E FÂNEROS. 
. diminuição da pilificação em geral. 
. pilificação em regiões anômalas (devido a alterações hormonais, hipertricose em mulheres). 
. pelos menos espessos e mais fracos. 
. perda gradativa da pigmentação (diminuição da atividade dos melanócitos). 
. crescimento lentificado e espessamento das unhas (diminuição da circulação periférica). 
. unhas mais secas e quebradiças 

OLHOS. 
. mais fundos (diminuição da gordura orbitária). 
. surgimento do arco senil ( acumulação de lipídeos). 
. diminuição da elasticidade do cristalino e diminuição da acomodação visual (diminuição da capacidade de focar objetos próximos - presbiopia). 
. diminuição do tamanho da pupila e diminuição da velocidade de resposta à luz ( > dificuldade de adaptação à diferentes luminosidades) 

OUVIDOS. 
. o tímpano torna-se mais espesso ( tendência à formação de tampões de cerume). 
. degeneração do ouvido interno e do nervo auditivo levando a presbiacusia (diminuição da capacidade auditiva para altas freqüências). Isto impede a audição de consoantes, de acordo com o ruído ambiental fazendo com que o idoso ouça mas não compreenda o que lhe é dito) 

BOCA. 
. boca mais seca (diminuição na produção de saliva e da sua qualidade). 
. diminuição do paladar ( em especial para doces e salgados). 
. diminuição da superfície das gengivas dificultando a fixação de prótese dentária e tornando-as mais friáveis. 
. tendência a perda progressiva dos dentes que se tornam mais escuros (diminuição do esmalte e depósitos minerais). 
. lentificação do reflexo nauseativo aumentando as possibilidades de esgagamento 

NARIZ. 
. aumento de tamanho (crescimento contínuo). 
. diminuição da capacidade olfativa. 
. aumento da pilificação interna ( em número e espessura) 

SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 
. diminuição da MASSA CORPORAL total. 
. diminuição da força, tônus e velocidade de contração muscular (lentificação dos movimentos). 
. aumento da base de sustentação ( alteração na marcha). 
. diminuição dos movimentos de braços ao se movimentar. 
. diminuição da massa óssea (osteopenia). 
• aumenta com a menopausa (diminuição dos estrógenos). 


• pode ocorrer osteoporose. 
• > possibilidade de fraturas e deformação das vértebras (tendência à cifose dorsal) 



Baseado em RUIPÉREZ, I; LLORENTE, P Geriatria, McGraw Hill, Rio de Janeiro, 1998.



ALTERAÇÕES BIOFISIOLÓGICAS OBSERVADAS NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO (cont.)

SISTEMA GASTROINTESTINAL 
. lentificação do esvaziamento esofágico devido à dilatação do terço inferior do esôfago 
. diminuição das enzimas digestivas e pancreáticas 
. diminuição da pepsina e ácido clorídrico em até 60% (lentificação do processo digestivo) 
. diminuição das lípases gástricas e intestinais 
. diminuição do volume e peso do fígado - diminuição da massa celular hepática funcionante 
• alterações no METABOLISMO hepático de várias substâncias, inclusive as drogas, podendo resultar em aumento de seus níveis séricos e do tempo de excreção dos mesmos
. diminuição da motilidade intestinal 
. deterioração das superfícies de absorção intestinal 
. diminuição do tônus muscular do esfíncter interno do intestino grosso
. diminuição do tônus muscular intestinal e da motilidade à obstipação

SISTEMA RENAL E URINÁRIO 
. aumento do tecido conjuntivo intersticial 
. diminuição do tamanho e peso dos rins 
. diminuição do número de néfrons 
. alterações tubulares 
. diminuição da filtração glomerular em até 45% entre os 20 e os 90 anos 
. diminuição do fluxo sanguíneo em até 53% 
. diminuição da filtração tubular em até 50% aos 70 anos 
. lentificação da excreção dos metabólitos 
. alteração na capacidade de concentração e diluição urinárias 




Baseado em RUIPÉREZ, I; LLORENTE, P Geriatria, McGraw Hill, Rio de Janeiro, 1998.

ALTERAÇÕES BIOFISIOLÓGICAS OBSERVADAS NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO (cont.)
TERMORREGULAÇÃO 
. diminuição dos sensores para frio - lentificação da resposta neuronal, assim o frio é sentido mas não é reconhecido e portanto, nenhuma reação protetora é ativada 
. alterações vasculares ( dificuldade de contração e dilatação dos vasos em função dos estímulos nervosos) leva a uma diminuição da resposta ao frio 

< produção de calor: 
. idoso diminuição a atividade física em geral 
. diminuição do METABOLISMO basal 

Hipertermia: 
. diminuição da elasticidade dos vasos 
. > dificuldade em dilatação 
. > dificuldade em perder calor 
. diminuição da atividade das glândulas sudoríparas 

SONO E REPOUSO 
. diminuição do número de horas de sono requeridas 
. diminuição de 50 % do sono profundo 
. idosos acordam com mais facilidade e demoram mais para adormecer
Baseado em RUIPÉREZ, I; LLORENTE, P Geriatria, McGraw Hill, Rio de Janeiro, 1998. 

Todas as alterações relacionadas são fisiológicas e ocorrerão de forma individual em cada idoso. Embora não sendo patológicas, o acúmulo destas alterações, com o transcorrer do tempo, pode levar à limitação das chamadas atividades de vida diária do idoso. Este quadro torna-se mais acentuado e mais rápido na vigência de doenças, geralmente crônico-degenerativas. Estudo realizado nos EUA demonstrou que 5% dos idosos com idades entre 65 e 74 anos quererem auxílio nas AVDs, 35% entre os de idades compreendidas entre 75 e 85 anos e 50% para os maiores de 90 anos. Estudos demográficos demonstram que, dentre os idosos, a população que mais cresce é justamente as de maiores de 80 anos, o que implica numa atenção diferenciada dos programas de saúde, considerando todas as alterações estruturais que vêm ocorrendo nas famílias, antes responsáveis pelas ações de cuidados aos seus indivíduos idosos. 

A presença ou instalação de processos patológicos em indivíduos idosos pode ocasionar rápida alteração no quadro funcional dos mesmos. De totalmente independentes, eles podem passar muito rapidamente para uma condição de parcial ou totalmente dependentes, em virtude da dificuldade de adaptação homeostática frente à velocidade de perda de reserva funcional. A adequada assistência aos idosos baseia-se na capacidade técnica de avaliação correta da problemática instalada e de intervenções precoces e eficientes e também na premissa de que o idoso é, em princípio, competente para se cuidar e, portanto, autônomo em suas decisões, seja ou não independente para realizá-las. 

Não é incomum que idosos temporária ou definitivamente dependentes fisicamente tenham sua autonomia retirada tanto pelos familiares quanto pelos profissionais que associam a perda física necessariamente à perda cognitiva e à capacidade decisória, o que em muitas ocasiões não é verdade. 

A compreensão destas diferenças é fundamental para a execução de uma assistência de qualidade, onde deve predominar o "assistir a" e não o "fazer por". Esta segunda prática, ainda a mais comum no cuidado ao idoso, é baseada na crença errônea de que isto "...é melhor, mais esperado e mais desejável..." a ser feito para uma pessoa que "...perdeu completamente sua autonomia em virtude da idade, das doenças, da degeneração cognitiva, da desmotivação e muitas vezes da pobreza..." (Pavarini, 1996). 


Assistir adequadamente ao idoso baseia-se na avaliação adequada e conjunta da equipe interprofissional, de qual é a real capacidade funcional deste idoso, identificando seu nível de dependência, suas capacidades presentes e, sobretudo, seu potencial remanescente, que pode não estar sendo reconhecido, sequer, pelo próprio idoso e muito menos pelos que o cercam. Esta avaliação sempre envolverá o polinômio idoso-cuidador-família e é a eles que deverá ser direcionado o nosso olhar. 

O cuidador é a pessoa designada pela família para o cuidado do idoso, quando isto for requerido. Esta pessoa, geralmente leiga, assume funções para as quais, na grande maioria das vezes, não está preparada. É importante que a equipe tenha sensibilidade ao lidar com os cuidadores familiares, os grandes depositários das informações e orientações desta mesma equipe e o executor das atividades por ela propostas. 

Cabe à equipe jamais se esquecer que esta pessoa não é um funcionário da saúde, não tendo, portanto, a obrigação de compreender as orientações dadas e ele também não é simplesmente um executor de ordens. Não é incomum que cada profissional da equipe dirija-se ao cuidador e lhe forneça uma série de orientações (geralmente em tom de ordem) de forma individual (enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista,etc) e espere que ele seja capaz, sozinho, de associá-las, decodificando-as e executando-as igualmente como faria o próprio profissional. A não-execução adequada de tais orientações geralmente é cobrada e em muitos casos as falhas são consideradas não-aderência terapêutica. Esta é uma importante falha da equipe como um todo, que não está direcionando o olhar para a(s) pessoa(s) a quem assiste, mas para si mesma, uma vez que, ao simplesmente fornecer as informações, tem a sensação de dever cumprido. O processo de assistência a idosos, seus cuidadores e familiares é, a nosso ver, um ciclo freqüentemente retroalimentado, ao qual devemos estar permanentemente atentos. 

Uma assistência adequada requer uma avaliação minuciosa. Muitas vezes, a presença do cuidador familiar durante a avaliação do idoso é imprescindível, pois este poderá complementar informações ou, muitas vezes, fornecê-las, caso o próprio idoso tenha dificuldade em fazê-lo. A identificação de cuidadores também idosos, muitas vezes doentes, confusos, muito estressados ou ansiosos, deprimidos ou incapacitados para a função assistiva é mais comum do que se imagina e potencializa a necessidade de apropriação adequada de recursos assistenciais nesta área. 

Para a realização de qualquer tipo de orientação, faz-se necessária inicialmente a adequada avaliação do idoso e a identificação de suas reais necessidades. Isto deve ser realizado pela coleta do histórico do mesmo seguida de seu exame físico. Para o histórico deve ser disponibilizado um tempo e local adequados (no mínimo 30 minutos em local de pouca ou nenhuma circulação e/ou ruído externo) de forma que o idoso possa sentir-se à vontade para discorrer sobre a sua vida. Para o exame físico, deve-se providenciar um local adequado de forma a não expor o idoso desnecessariamente. Tal avaliação deve ter por objetivo a identificação da presença de alterações fisiológicas (descritas anteriormente) e a verificação de anormalidades (que precisarão ser diagnosticadas). O exame físico deve, portanto, ser meticuloso. Após a fase de coleta de dados e identificação de problemas, passa-se à fase de planejamento e implementação da assistência. 

O planejamento do cuidado ao idoso deve basear-se na resposta das seguintes questões: 
1. Que tipo de cuidado será desenvolvido (caráter preventivo, curativo ou paliativo)? 
2. Quais e de que tipo são os cuidados requeridos (parciais ou totais)? 
3. Por quanto tempo estes cuidados serão necessários? 
4. Quem será o responsável pela execução destes cuidados (cuidador, familiar ou o profissional)? 
5. Onde serão dispensados estes cuidados (domicílio ou instituição)? 
6. Qual a necessidade e a real disponibilidade de recursos existentes (materiais, humanos, financeiros, pessoais e emocionais)?

A partir destas respostas, o enfermeiro encontrará as ferramentas necessárias para o planejamento das ações assistidas direcionadas ao idoso, a seu cuidador e à sua família, de forma a garantir a manutenção da dignidade da pessoa assistida como um ser que está vivo, que necessita e merece ser respeitado, além de adequadamente assistido em suas necessidades.

O quadro a seguir mostra algumas intervenções propostas na assistência ao idoso em seu processo normal de envelhecimento: 

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM PROPOSTAS PARA MANUTENÇÃO DE UM ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS

. observar comportamento verbal e não-verbal do idoso e associá-lo a mudanças recentes em sua dinâmica de vida 
. observar alterações na auto-imagem e autocuidado do idoso 
. verificar interações sociais intra e extra familiares 
. se adequado, estimular a aquisição de animais domésticos (importantes na reabilitação emocional de muitos idosos, em especial os que vivem sós) 
. auxiliar o idoso no melhor aproveitamento de seu tempo livre (envolvendo-o em atividades produtivas e/ou significativas pessoal ou socialmente) 
. promover oportunidades de socialização inter e intra geracionais 
. prover oportunidades de verbalização sobre sua a história de vida, valorizando-a 
ASPECTOS NUTRICIONAIS

. observar alterações de peso (para mais ou para menos) e correlacioná-las com a ingestão alimentar 
. verificar a DIETA diariamente ingerida pelo idoso 
. solicitar avaliação de nutricionista caso sejam observadas inadequações 
CUIDADOS COM A PELE, PÊLOS E FÂNEROS

. avaliar a pele quanto à cor, textura e condições e associá-las à idade do idoso 
. verificar a presença de lesões, avaliar suas causas e propor tratamento adequado conforme capítulo específico 
. estimular o uso de óleos e loções lubrificantes sobre a pele para compensar as perdas próprias da idade e aumentar a proteção tecidual
. orientar a higiene corporal com água morna e sabonete neutro, evitando procedimentos abrasivos. No caso de ressecamento excessivo, restringir o uso de sabonete apenas à genitália 
. orientar a adequada exposição solar (antes de 10h e após as 16h) e o uso, se possível, de protetores solares 
. verificar alterações relacionadas à distribuição e coloração dos pêlos. Mudanças bruscas e acentuadas podem ser indicativas de processos patológicos 
. orientar ao idoso/cuidador a ingestão de líquidos (quentes ou frios), conforme a temperatura externa 
. orientar quanto ao cuidado com as unhas que deverão ser freqüentemente lixadas e não cortadas, evitando pontas que possam ferir e uma espessura inadequada (que pode levar a rachaduras e conseqüente lesão nos dedos). No caso de idosos diabéticos ou com desordens vasculares periféricas, cuidados especiais deverão ser destinados às unhas e pés 
. orientar a adequação do uso de roupas à temperatura ambiental, evitando exposição ao calor ou frio excessivos 
ALTERAÇÕES SENSORIAIS

VISÃO

. avaliar as perdas visuais e associá-las ao processo de envelhecimento
. testar reações pupilares 
. questionar quanto à presença de dificuldades visuais (diminuição de acuidade, fotosensibilidade, dificuldade de visão noturna) 
. questionar sobre acidentes recentes (choques físicos, quebra de objetos, quedas, etc) 
. orientá-lo quanto à necessidade de exame anual da visão e da prevenção de glaucoma 
. sugerir o aumento de luminosidade ambiental (se for o caso), o uso de luzes noturnas e a remoção de fatores de risco de acidentes (retirada de objetos e movéis posicionados em locais inadequados) 
. orientá-lo quanto às mudanças fisiológicas e sua adaptação a elas 
AUDIÇÃO

. avaliar as perdas auditivas e associá-las ao processo de envelhecimento 
. questionar quanto a qualquer perda auditiva que o mesmo tenha percebido nos últimos tempos 
. observar comportamentos não-verbais que sugiram perdas auditivas ( direcionamento da cabeça, deslocamento do corpo) 
. observar erros de compreensão que possam estar associados ao envelhecimento 
. ao conversar com o idoso, posicionar-se frente ao mesmo e dirigir-se a ele em tom normal, olhando para o mesmo enquanto fala. Não há a necessidade de se falar devagar ou de se elevar muito a voz, porque isso pode ser interpretado como uma atitude agressiva 
. na observância de alterações importantes, proceda ao exame do canal auditivo e verifique a presença de rolhas de cerume ou de irritação ou secreção local 
. encaminhe para a avaliação auditiva adequada se as alterações forem mais proeminentes.


PALADAR

. verifique inadequação alimentar devido a diminuição do paladar (excesso de sal ou açúcar) e oriente o idoso quanto ao prejuízo que isto pode causar à sua saúde 
. oriente-o quanto ao uso de temperos alternativos e ao uso de adoçantes e sal com baixo teor de sódio 


OLFATO

. verifique sinais de â da capacidade olfativa e oriente ao idoso quanto aos cuidados domésticos, em especial ao uso de gás 


TATO

. verifique mãos, pés e proeminências ósseas para verificar a presença de lesões decorrentes da diminuição da sensibilidade tátil 
. estimulação tátil é importante para muitos idosos, em especial àqueles com outras diminuições sensoriais; toque-o delicadamente em suas mãos e braços durante sua conversa, demonstrando atenção, carinho e observando as suas reações 
. oriente o idoso a utilizar roupas adequadas e luvas de proteção ao lidar com chamas de fogão para evitar acidentes 
. ensine-o a auto-examinar os pés (com o uso de espelhos de aumento) para observar a presença de lesões plantares normalmente não perceptíveis 
. oriente-o sempre a verificar a temperatura da água antes de banhar-se para evitar queimaduras 


ALTERAÇÕES COGNITIVAS

. antes de rotular um idoso como confuso, procure verificar se a desorientação ora apresentada não é decorrente do uso de medicações, alterações no sono, ambiente não-familiar ou déficits auditivos e visuais 
. oriente a adequação do ambiente para a segurança do idoso, evitando possíveis acidentes 
. todas as orientações fornecidas devem ser feitas por escrito, de forma clara e legível 
. a presença de alterações cognitivas mais acentuadas deverão ser encaminhadas para avaliação médica, pois podem estar associadas a processos patológicos 


ALTERAÇÕES NO SONO

. verificar o tempo utilizado pelo idoso para repouso durante o dia e à noite 
. verificar adequação do tempo de repouso com as atividades desenvolvidas 
. questioná-lo sobre as suas sensações após o período de repouso (sente-se descansado, agitado, ansioso, cansado) 
. verificar o uso de medicações que induzem o sono e sua adequação às necessidades do idoso 
. orientar o idoso quantos exercícios durante o dia, leite morno, meditação, música suave auxiliam na liberação de serotonina, que tem um importante papel na indução do sono 
. orientar o idoso que a diminuição do número de horas dormidas é um processo fisiológico normal e que, ao perder o sono, ele poderá dispor de atividades que induzam ao repouso, como leitura de livros pouco estimulantes ou assistir a filmes na TV com pouca ou nenhuma ação, de modo a não entretê-lo e, portanto, provocando sono 


ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES

. verifique a PA e compare-a com medidas anteriores, buscando identificar e tratar de quadros hipertensivos 
. verifique a presença de hipotensão ortostática 
. indague-o sobre sintomas como: fadiga, dispnéia aos esforços pequenos, etc que possam sugerir alterações cardiovasculares 
. verifique a presença de edemas e processos vasculares inflamatórios 
. estimule-o a algum tipo de atividade física durante o dia, adequada à sua condição cardiovascular e condicionamento físico; caminhadas costumam ser bem recomendadas 
. oriente-o a mudar de posição devagar e descansar quando estiver cansado, 
. na presença de alterações vasculares ou edemas, oriente-o ao uso de meias elásticas e elevação dos MMII quando em repouso 
. oriente-o à utilização de meias quentes ao dormir que retiram o desconforto causado pelo frio dos pés devido à inadequação da circulação periférica 
. nunca oriente o uso de bolsas térmicas (elétricas ou mecânicas) para evitar o risco de queimaduras em decorrência da diminuição da sensibilidade tátil.


ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS

. identifique história anterior de tabagismo e antecedentes vacinais contra gripe e pneumonia 
. verifique a existência de alterações respiratórias relacionadas a mudanças sazonais e à qualidade do ar 
. questione-o quanto à freqüência de infecções respiratórias 
. estimule-o à prática de exercícios aeróbicos diários (por exemplo: caminhada) e auxilie-o a maximizar sua função respiratória 
. oriente-o a procurar assistência médica na vigência de quadros respiratórios infecciosos que durem mais que três dias 


ALTERAÇÕES GASTROINTESTINAIS

. oriente-o quanto à necessidade de ingestão hídrica diária 
. examine mucosas para avaliar hidratação 
. verifique hábitos alimentares e sua relação com qualquer sintoma digestivo 
. identifique o hábito intestinal do idoso e a ocorrência de episódios de constipação ou diarréia e relacione-os aos hábitos alimentares 
. oriente-o quanto à relação da ingestão hídrica, do consumo de fibras e da prática de exercícios regulares para o bom funcionamento intestinal 


ALTERAÇÕES RENAIS E URINÁRIAS

. identifique as características dos hábitos miccionais e sua freqüência
. verifique a presença de dificuldades nas eliminações vesicais, solicitando que o idoso as descreva detalhadamente 
. estimule-os a falar sobre possíveis episódios de incontinência, pois, para a maioria dos idosos, a presença destes quadro é equivocadamente considerada " normal" no processo de envelhecimento 
. verifique a presença de nictúria e sua relação com alterações do sono 
. oriente o idoso a ingerir de 6 a 8 copos de água por dia, independente da presença de sede, pois este reflexo estará diminuído)
. quando da identificação de incontinência de esforço, oriente-o quanto à realização de exercícios para o fortalecimento da musculatura pélvica pelo menos duas vezes ao dia 
. verifique o uso e adequação de absorventes para perdas urinárias. O estabelecimento de um programa de reabilitação miccional pode trazer efeitos muito benéficos à auto-estima dos idosos 


ALTERAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS

. verifique alterações na marcha e no equilíbrio e correlacione-as com as alterações musculoesqueléticas 
. identifique limitações nas AVDs devido à â da mobilização 
. examine as articulações identificando a presença de deformidades, crepitação, instabilidade ou diminuição funcional 
. verifique a presença de quadros álgicos ou lesões 
. encaminhe as idosas para avaliação médica e possível indicação de reposição hormonal pós menopausa para â a ocorrência de osteoporose
. estimule-o ao exercício físico (por exemplo: caminhada) com exposição ao sol em horários adequados e com a utilização de protetores solares.


USO DE MEDICAMENTOS

. verifique a prescrição medicamentosa do idoso e a real situação observada quanto ao uso de medicamentos (freqüentemente os idosos fazem uso de mais remédios que necessitam de fato, o que pode ser mais nocivo que benéfico aos mesmos) 
. oriente-o quanto aos riscos de ingestão de medicações inadequadas 
. solicite ver o local onde os medicamentos são armazenados e observe a adequação do mesmo bem como a presença de medicações vencidas ou impróprias à utilização pelo idoso 
. verifique a organização do idoso para a ingestão dos medicamentos (costuma esquecer, faz uma distribuição diária ou semanal, etc) 
. auxilie-o na organização destas prescrições de forma que o mesmo possa ingerir adequadamente suas medicações sem o risco de esquecê-las ou de abusar de sua ingestão 
. verifique sinais e sintomas de manifestações tóxicas relacionadas ao uso inadequado de medicamentos pelos idosos 
. verifique se a presença de quadros confusionais pode ser droga-relacionados 
. oriente ao idoso só ingerir medicações prescritas por seu médico e, caso ele seja acompanhado por mais de um profissional, sempre informá-los sobre as prescrições de seus colegas. 

Todas as intervenções acima propostas relacionam-se à preservação da integridade do idoso sem alterações patológicas. A identificação de qualquer processo anormal requer intervenção apropriada e individualizada. 

Não houve neste texto a pretensão de esgotar qualquer aspecto relacionado à avaliação global do idoso, por ser esta ampla e complexa. Nossa única intenção foi sensibilizar os leitores a direcionar seu olhar de forma mais acurada aos seus pacientes idosos e seus respectivos cuidadores e familiares de maneira a propiciar uma assistência mais adequada e humanizada aos mesmos. 

Encerramos com a colocação do "The Age Concern England", de 1998, que diz: 

"Pessoas idosas não são uma seção à parte da sociedade. São simplesmente pessoas que envelheceram. Elas não necessitam ou desejam as mesmas coisas. Suas necessidades e talentos são tão diversificados como em outras gerações e elas têm uma grande variedade de características humanas. Todas elas devem ter a liberdade para escolher seu estilo de vida. Devem ainda ter suas opiniões ouvidas e respeitadas e devem ser capazes de exercer influência sobre os acontecimentos que as cercam. No presente essas aspirações, apenas razoáveis, são negadas a muitos idosos devido a circunstâncias sobre as quais eles têm pouco ou nenhum controle". 

Nossa função é permitir que isto ocorra. 


Ao final do capítulo, a(o) enfermeira(o) deverá obter subsídios para: 
• Conhecer as principais alterações que caracterizam o envelhecimento fisiológico; 
• Estruturar a intervenção de enfermagem voltada para a manutenção da qualidade de vida do idoso.
Autores: Yeda Aparecida de Oliveira Duarte1
Última Atualização: 9/26/2001 7:45:48 AM 

1 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgico da EEUSP 

Bibliografia 

BERGER,L; MAILLOUX-POIRIER, M Pessoas Idosas: uma abordagem global, Lisboa, Lusodidacta, 1995. 

DUARTE, YAO Princípios de assistência de enfemagem em gerontologia. In: PAPALEO NETTO, M. Gerontologia, São Paulo, Atheneu, 1996. 

DUARTE, YAO Assistência de enfermagem ao idoso. I Bienal de Enfermagem de Botucatu, Anais, pp.106-15, Botucatu, 1999. 

DUARTE, YAO; DIOGO, MJD Assistência domiciliária: um enfoque gerontológico. São Paulo, Atheneu, 2000. 

GAVIÃO, ACD Aspectos psicológicos e o contexto domiciliar In: DUARTE, YAO; DIOGO, MJD Assistência domiciliária: um enfoque gerontológico. São Paulo, Atheneu, 2000. 

JACOB FILHO, W; SOUZA, RR Anatomia e fisiologia do envelhecimento. In: CARVALHO FILHO, ET; PAPALEO NETTO, M Geriatria: fundamentos, clínica e terapêutica. São Paulo. Atheneu, 1994. 

NERI, AL Psicologia do envelhecimento. Campinas, Papirus, 1995. 

ORGANIZACION PANAMERICANA DE LA SALUD Enfermeria gerontológica: conceptos para la práctica. (Série Paltex no. 31). Washington, 1993. 

PAVARINI, SCI Dependência comportamental na velhice: uma análise do cuidado prestado ao idoso institucionalizado. Tese (Doutorado). Campinas: UNICAMP, 1996. 

RUIPÉREZ, I; LLORENTE, P Geriatria, Rio de Janeiro, McGraw Hill, 1998.

Fonte: http://gerovida2009.blogspot.com.br/2009/04/o-processo-de-envelhecimento-e.html


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