Uma parcela relativamente grande da população desenvolve em determinados momentos da vida algum tipo de tremor. As causas são inúmeras, da Doença de Parkinson aos distúrbios da glândula tireóide, passando pela ansiedade, o tremor essencial, a abstinência alcoólica, disfunção hepática, etc…. Por isso é fundamental a busca por um médico neurologista a fim de chegar ao diagnostico correto e posterior alivio dos sintomas.
O tremor é definido como um movimento involuntário rítmico que pode acometer qualquer articulação do corpo,pode variar de intensidade durante o dia, sendo geralmente pior em momentos de stress e desaparecendo geralmente com o sono. O diagnóstico correto surge da avaliação do perfil do paciente (sexo, idade, outras doenças, hábitos de vida, etc.) aliado a identificação do tipo de tremor (característica e distribuição do tremor).
Por ser um movimento rítmico em torno de determinada articulação o tremor apresenta AMPLITDE e FREQUÊNCIA, além de EIXO e situação em que é precipitado.
Com relação a essa última característica o tremor pode ser dividido em duas formas básicas:
1. Tremor de Repouso = é pior quando o paciente está parado e relaxado, melhora quando o paciente utiliza aquele membro (é o tremor característico da doença de Parkinson, lógico que aliado aos outros sintomas – veja adiante). Geralmente de baixa frequência, a amplitude pode ser alta.
2. Tremor de Ação = este é o tipo de tremor mais comum. Subdivide-se em tremor postural, aonde o paciente apresenta o tremor quando assume determinada postura (por exemplo, quando estende os braços). E tremor cinético, que ocorre durante determinado movimento (ao tentar alcançar um copo, por exemplo).
VAMOS FALAR UM POUCO SOBRE TREMOR ESSENCIAL
Esse tremor é de origem genética. Os pacientes geralmente não apresentam outros sintomas neurológicos, apenas o tremor. O tremor essencial clássico é bilateral e geralmente simétrico (alguns pacientes podem ter alguma assimetria – com um lado predominante de sintomas). Pode iniciar-se em qualquer idade, geralmente o paciente tem historia familiar de tremor (outros membros mais velhos da família tem um quadro semelhante). O tremor é distal (ou seja, mas proeminente nas mãos) e mais intenso quando o paciente estica os braços (diferente do Parkinson que treme mais com o membro em repouso).
Um fato curioso é que o paciente tem o tremor aliviado com o consumo de álcool (essa característica é clássica e bastante visível). É importante não confundir o tremor com o tremor da abstinência alcoólica (que é freqüente em usuários crônicos e intensos de álcool). Isso é um critério diagnóstico, não uma dica de tratamento, uma vez que sabemos os risco do consumo exagerado de bebida alcoólica.
Existem inúmeras possibilidades de tratamento para esse tipo de tremor, a maioria pautada em medicamentos de uso contínuo. A grande maioria desses pacientes leva uma vida normal e têm baixa taxa de progressão para doença de Parkinson. É importante seguimento clínico com médico Neurologista.
DOENÇA DE PARKINSON
A doença de Parkinson é uma patologia relativamente comum e de causa desconhecida. Pode iniciar em qualquer idade, mas é raríssima antes dos 65 anos. Ocorre perda de neurônios em regiões específicas do cérebro. É uma doença degenerativa e progressiva, que geralmente evolui lentamente durante muitos anos.
O quadro clínico clássico é de tremor, rigidez e lenificação de movimentos. O tremor geralmente é o que chama atenção primeiro. No início é de um lado só do corpo (com a evolução atinge também o outro lado). Isso é um aspecto muito importante a ser ressaltado, a Doença de Parkinson geralmente começa ASSIMÉTRICA (diferente de outros tremores que são geralmente simétricos). O tremor é mais percebido quando o membro está relaxado (tremor de repouso), geralmente melhora com a ação do membro e desaparece durante o sono. É geralmente um tremor grosseiro, com alta amplitude e freqüência baixa, como se o paciente estivesse “contando moedas” com as mãos.
Além do tremor o paciente apresenta rigidez muscular. Essa rigidez é percebida quando tenta-se movimentar a articulação do paciente com ele relaxado, nota-se que a articulação fica mais dura. Outro parâmetro é a lenificação progressiva dos movimentos. O paciente com Parkinson faz movimentos mais lentos e dificultosos, por vezes hesita ao tentar iniciar uma ação.
Além dessa Tríade Clássica (tremor de repouso / rigidez e lenificação dos movimentos) outras coisas podem ser notadas no paciente:
1- Alteração de marcha = o paciente passa a andar diferente. O tronco fica mais curvado para frente e os passos mais curtos. Os braços passam a balançar menos em relação ao corpo do paciente (perda do balanço passivo dos braços). O paciente pode ter dificuldade em iniciar a marcha. O tremor na mãos (geralmente mais intenso de um lado) é bem visível quando o paciente anda com os braços relaxados.
2- Alteração no rosto do paciente = o paciente com Parkinson fica com o rosto menos expressivo, chamamos isso de “rosto em máscara” ou “rosto congelado”. Como o rosto expressa nosso estado emocional o paciente com Parkinson pode ter dificuldade em transmitir seu estado de espírito atual, parecendo por vezes mais triste e desinteressado do que realmente está.
3- Instabilidade Postural = o paciente com Parkinson pode ter maior tendência a quedas sem motivos aparentes. Ele se desinstabiliza com maior facilidade, principalmente quando vira ou muda de direção durante a marcha. Quedas são frequentes, principalmente após 2 ou 3 anos do início da doença.
4- Alterações do sono. Com relativa frequência o paciente com Parkinson move-se durante o sono, como se estivesse vivenciando seus sonhos. Essa é geralmente uma queixa de quem dorme ao lado do paciente, uma vez que este geralmente nem percebe.
Como podemos ver a Doença de Parkinson é patologia complexa que envolve muitos sintomas além do tremor. É uma doença progressiva que exige avaliação e seguimento especializados. O paciente tem ser seguido por profissionais como: neurologista, Fisioterapeuta, fonoaudiólogo, entre outros…
O tratamento da Doença de Parkinson é também multifatorial. A reabilitação fisioterápica aliada ao uso de medicações geralmente mantém a capacidade funcional do paciente por muitos e muitos anos. Poucas doenças crônicas em neurologia respondem tão bem aos remédios como a Doença de Parkinson. No início do tratamento o paciente pode ficar completamente livre dos sintomas ou pelo menos muito bem compensado a ponto de ter uma vida independente e produtiva. Com a evolução da doença os medicamentos precisam ser constantemente ajustados e eventualmente aliados a outras drogas para terem o mesmo efeito. Por vezes surgem efeitos colaterais associado ao uso intenso dessas medicações, tais como movimentos involuntários. Nesta fase mais tardia o controle dos sintomas é parcial, mas ainda muito importante.
O paciente com Parkinson deve ser constantemente acompanhado pelo médico neurologista e em cada fase da doença o foco será sempre em prover a melhor qualidade de vida ao paciente.
Não existe cura definitiva para essa patologia, mas os excelentes resultados do tratamento dependem do reconhecimento precoce do problema e da busca pelo atendimento adequado.
Fonte: http://www.leandroteles.com.br/artigos/nem-tudo-que-treme-e-parkinson/
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