quarta-feira, 10 de setembro de 2014

DISPEPSIA FUNCIONAL

DISPEPSIA FUNCIONAL ( Dispepsia sem úlcera )

Dr. Carlos Carvalheira
Cerca de 20% dos adultos, no mundo ocidental, têm Dispepsia Funcional. A maior parte das pessoas com queixas do estômago, submetidas a endoscopia alta em regime ambulatório, não têm nenhuma alteração endoscópica que justifique as suas queixas, o que sugere a possibilidade de terem Dispepsia Funcional. Na Dispepsia Funcional tal como nas outras doenças funcionais não existe uma alteração estrutural ou bioquímica conhecida. 

Os peritos reunidos em Roma, em 1990 e novamente em 1999, propuseram para a Dispepsia Funcional a seguinte definição: Dor e/ou desconforto ( sensação subjectiva não dolorosa que se caracteriza por peso epigástrico e/ou saciedade, e/ou enfartamento e/ou náuseas e/ou vómitos e/ou distensão ) persistente ou recorrente localizada na parte superior do abdómen, sem relação com os exercícios físicos, com duração mínima de 4 semanas e com sintomas ocorrendo em pelo menos 25% desse tempo. Como se vê, só muito recentemente, se chamou a atenção para a Dispepsia Funcional.

Os médicos de língua inglesa chamam à Dispepsia Funcional, Dispepsia-sem-Úlcera. A designação Dispepsia Funcional utilizada na Europa, pese embora o sentido dúbio da palavra funcional parece ser mais correcto. Também se utiliza a designação de Dispepsia Idiopática para realçar que a causa é desconhecida. 

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa atribui à palavra funcional o seguinte sentido médico: "que afecta funções fisiológicas ou psicológicas mas não a estrutura orgânica." "sem causa orgânica perceptível (diz-se de distúrbios funcionais)". 



Qual a causa ( ou causas ) da dispepsia funcional?

A causa (ou causas) da Dispepsia Funcional é desconhecida, mas sabemos que é frequente a partir dos 20 anos de idade, sobretudo no sexo feminino, atingindo mais de 20% da população do mundo ocidental. É uma doença crónica, recorrente. As queixas dispépticas podem ser contínuas mas geralmente são intermitentes e aparecem exclusivamente durante o dia. Durante a noite raramente incomodam. 

Existe uma crença arreigada, que se encontra ainda em muitos livros, de quehá uma relação directa entre factores psicossociais e a dispepsia funcional mas não existem estudos que o confirmem.

Embora se encontrem com frequência, factores que induzem o stress, precedendo os sintomas dispépticos, assim como ansiedade e depressão, os estudos efectuados, não têm mostrado diferenças significativas quando se comparam as pessoas com Dispepsia Funcional com a população em geral.

Discute-se se haverá alguma relação entre o Helicobacter pylori e a Dispepsia Funcional. A maior parte dos indivíduos com Dispepsia Funcional têm gastrite crónica causada pelo Helicobacter pylori mas, as queixas geralmente não desaparecem depois de se fazer a erradicação do H. pylori. 
Fonte: http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/utentes/aparelho_digestivo/dispepsia_funcional_dispepsia_sem_ulcera


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