quarta-feira, 18 de abril de 2018

Assistência de Enfermagem às Síndromes Hemorrágicas da Segunda Metade da Gestação

Assistência de Enfermagem às Síndromes Hemorrágicas da Segunda Metade da Gestação


Vamos falar um pouco sobre um tema recorrente entre os profissionais de saúde em maternidades, centros obstétricos e em unidades básicas de saúde, as Síndromes Hemorrágicas na Gestação. Organizamos as síndromes de acordo com o período de tempo em que as encontramos durante a gestação. Por isso, as dividimos em Síndromes Hemorrágicas na Primeira Metade da Gestação e na Segunda Metade da Gestação. Nas imagens abaixo observamos as principais situações hemorrágicas.
Sabe-se que nem todo sangramento é sinônimo de preocupação para as gestantes, mas, ao conversar com uma delas e ouvir seus relatos, logo percebemos que esta ocorrência é sim bastante preocupante e a depender de sua recorrência e volume de sangue perdido torna-se até desesperador para elas e seus familiares.
Para isso, precisamos, enquanto profissionais de saúde, ter incialmente alguns critérios inerentes a nossa profissão como segurança, embasamento teórico e técnico e sem sombra de dúvidas amor pelo o que se faz.
Segurança, pois, ao nos imaginar diante de uma gestante sangrando ou com relatos de sangramento precisamos ter segurança nos nossos conhecimentos técnicos e em nossa experiência do dia a dia para transferi-la para tal fazendo-a sentir-se confiante de que receberá os melhores cuidados.
Este artigo nos traz sucintamente algumas especificidades das principais síndromes hemorrágicas da segunda metade da gestação e, para isso, é inevitável não falarmos um pouco sobre gestação. Então, vamos lá!
A gestação é um fenômeno fi­siológico e deve ser vista pelas gestantes e equipes de saúde como parte de uma experiência de vida saudável envolvendo mudanças dinâmicas do ponto de vista físico, social e emocional. Entretanto, trata-se de uma situação limítrofe que pode implicar riscos tanto para a mãe quanto para o feto e há um determinado número de gestantes que, por características particulares, apresentam maior probabilidade de evolução desfavorável, são as chamadas “gestantes de alto risco”.¹
Entende-se por Gestação de Alto Risco “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada”.¹  No mundo, a cada ano, ocorrem 120 milhões de gravidezes, entre as quais mais de meio milhão de mulheres morrem em consequência de complicações, durante a gravidez ou o parto, e mais de 50 milhões sofrem enfermidades ou incapacidades sérias relacionadas à gravidez.²
A razão da mortalidade materna no Brasil, segundo o Ministério da Saúde (MS), em 2002, foi de 50,3 por cem mil nascidos vivos. A região Nordeste teve o maior índice 60,8, seguida da região Centro-Oeste com 60,3, região Sul com 56,6 e Norte com 53,2; o menor índice foi encontrado na região Sudeste, com 45,9.²
Durante o processo gestacional, algumas mulheres têm maiores chances de apresentar agravos ou complicações de patologias preexistentes. Essas situações podem redundar em perdas fetais e/ou morte materna, por causas diretas ou indiretas.3
O óbito materno permanece sendo um grave problema de saúde pública em nosso país, com as consequências sociais que a morte dessas mulheres ocasiona. Segundo o Ministério da Saúde (2003), a razão de mortalidade materna corrigida no Brasil é de 72,4 por 100.000 nascidos vivos e a doença hipertensiva segue como a principal causa desses óbitos.3
Dentre os óbitos analisados, as causas obstétricas diretas (decorrentes de doenças específicas do ciclo gravídico puerperal) representaram 85,36% dos casos analisados, sendo também a hipertensão arterial a principal causa de morte materna, seguida pela hemorragia puerperal, a infecção e o abortamento; estas três últimas repetem-se há uma década.3
Com o objetivo de diminuir este desfecho é necessário maior monitoramento e controle dos fatores de risco perinatais desde o pré-natal. Em alguns casos, a internação da gestante é necessária para a vigilância diária e instituição de tratamento.3
Sabe-se que uma assistência de qualidade durante o pré-natal exerce uma redução significativa dos riscos maternos durante e após a gestação bem como dos riscos neonatais.²
As hemorragias na segunda metade da gestação constituem-se em frequentes diagnósticos em obstetrícia. São uma das principais causas de internação de gestantes no período anteparto, com importante aumento da morbimortalidade materna e perinatal, assim como de partos operatórios. A morbimortalidade perinatal está relacionada principalmente aos altos índices de prematuridade. Várias são as possíveis causas de sangramento.³
Entre as causas obstétricas, as mais importantes são o descolamento prematuro de placenta e a placenta prévia, que correspondem a até 50% dos diagnósticos. Não podem ser esquecidas a rotura uterina e a rotura da vasa prévia, que também são importantes causas obstétricas. Entre as causas não obstétricas, pode ocorrer o sangramento proveniente do colo do útero durante a dilatação no trabalho de parto, cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo de útero e trauma vaginal.³
Os prognósticos materno e fetal vão depender do diagnóstico correto da causa do sangramento e conduta adequada com base nesse diagnóstico.³ A hemorragia no terceiro trimestre da gestação é grave ameaça à saúde e vida da mãe e feto. Junto com hipertensão e infecção são responsáveis pela maioria das mortes maternas.4 As principais causas de hemorragia com risco de vida são: placenta prévia, descolamento prematuro de placenta, rotura uterina e rotura de vasa prévia.5
Em relação aos fatores predisponentes, nota-se que o estilo de vida das mulheres que foram submetidas a estudos é uma questão bastante relevante. Sendo comprovado pela presença dos estados hipertensivos, cuja promoção e prevenção do mesmo é bastante trabalhado dentro da atenção básica, no entanto, ainda continua sendo um impasse que perpassa da atenção primária até a atenção terciária.
Tendo em vista, de acordo com as características particulares de cada região do Brasil, a baixa adesão às atividades que são propostas pelas unidades básicas de saúde ou falta delas deixam que problemas iniciais sejam complicados, levando esses pacientes a passarem por todos os níveis de atenção em saúde. Inclui-se também o uso de drogas ilícitas ou não por algumas clientes, que por sua vez, interferem negativamente no processo de saúde.
Por isso, se observa a importância de se trabalhar antes do pré-natal, o nível de conhecimento e de saúde das gestantes, objetivando uma melhor assistência à saúde da mulher e à redução de danos a ela e ao seu recém-nato. A idade avançada também é outro fator que predispõe às síndromes pela mudança de realidade das mulheres atuais quando comparamos às mulheres há décadas.
Ressalta-se, portanto, a relevância embutida durante todo o acompanhamento pré-natal objetivando atenuar os riscos encontrados desde o diagnóstico de gravidez como durante o período gravídico. Uma assistência pré-natal com qualidade baseia-se na coleta de dados de forma precisa e em tempo oportuno para a identificação de possíveis intercorrências durante o trabalho de parto e parto.
Após a identificação desses prováveis riscos, salienta-se também a importância da qualificação dos profissionais que prestarão assistência direta a essas gestantes. Feito isto, a qualificação de profissionais também é um fator relevante no manejo adequado dessas gestantes, favorecendo, por sua vez, a redução da morbimortalidade materno-neonatal.
Observa-se que com o emponderamento por parte das mulheres/gestantes/parturientes quanto as questões relacionadas a sua vida profissional e maternal nem todas querem os mesmos caminhos. Mesmo assim, enquanto cidadãos e profissionais manifestamos nosso respeito diante de suas escolhas para melhor compreensão de sua realidade para assim expormos nosso planejamento estratégico situacional.
Viu-se também que a fisiologia também é outra questão a ser considerada, como o desgaste da musculatura uterina com a multiparidade, a ruptura prematura de membranas ovulares, a presença ou não de uma cicatriz uterina prévia.
Pensando nisso, aqui está o Fluxograma 1, que resumidamente traz a conduta diante do Descolamento Prematuro de Placenta e, no Fluxograma 2, a conduta diante de uma Vasa Prévia.
Fluxograma 1 - Conduta no Descolamento Prematuro de Placenta
Fluxograma 2 – Conduta na Vasa Prévia
# Finalizando                     
Portanto, a necessidade de procedimentos operacionais utilizados no cotidiano da equipe de enfermagem nas maternidades e centros obstétricos com o intuito de melhorar e aprimorar a assistência de urgência e emergência às síndromes hemorrágicas da gestação. Para isso, sabe-se que esse interesse na integralidade às gestantes inicia-se no acompanhamento pré-natal de qualidade objetivando a redução na morbimortalidade materna e neonatal.
Percebemos assim, a relevância de protocolos de enfermagem em obstetrícia para uma melhor assistência durante o ciclo gravídico-puerperal que facilitasse a conduta dos profissionais, bem como oportunizasse e viabilizasse uma melhora clínica na assistência à saúde da mulher.
Vimos também, a marcante presença de tais síndromes no cotidiano dos profissionais de saúde e a vivência de mulheres com a sintomatologia que o quadro clínico das síndromes hemorrágicas causam nas mesmas. Dessa maneira, enfatiza-se a importância de mais pesquisas voltadas a esta temática, bem como o incentivo para os enfermeiros obstetras em atualizarem-se para sua qualificação profissional e consequente assistência.

REFERÊNCIAS
Souza JA, Silva MCB, Barbosa MN. Vivência acadêmica na consulta de enfermagem com gestantes de risco: um relato de experiência. RAI. RUM., VOL. 02 Nº 01, 112 - 155, RIO DE JANEIRO, JUN., 2014.
Cunha MA, Dotto LMG, Mamede MV, Mamede FV. Assistência pré-natal: competências essenciais desempenhadas por enfermeiros. Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 jan-mar; 13 (1): 00-00.
O Cuidado à Gestante de Alto Risco.
Alves RM, Júnior CAA. Sangramento do terceiro trimestre.
Gestação de Alto Risco Manual Técnico. 5ª edição. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília – DF. 2012.
Fonte: http://www.enfermeiroaprendiz.com.br/assistencia-de-enfermagem-as-sindromes-hemorragicas-da-segunda-metade-da-gestacao/


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