quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

CUIDADOS NA ADMINISTRAÇÃO DE HEMODERIVADOS

CUIDADOS NA ADMINISTRAÇÃO DE HEMODERIVADOS

Antes de qualquer coisa escreva o número da bolsa de sangue nas folhas de entrada e saída, de modo que você tenha um controle se a etiqueta se desprender;

• Verifique os sinais vitais do paciente antes da transfusão, 15 minutos depois e após a conclusão da transfusão (de acordo com as normas da sua instituição);

• Caso o paciente apresente sibilos, dispneia, rubor ou dor torácica, interrompa a transfusão, troque o tubo e inicie a infusão lenta de soro fisiológico. Administre oxigênio, chame um médico, monitore os sinais vitais do paciente e mantenha sua cabeça elevada. Diga ao paciente o que está acontecendo;

• Se o paciente apresentar sinais mais graves do que um exantema ou febre baixa, envie a bolsa de sangue e o equipo ao banco de sangue, colete uma amostra de urina e ligue para o laboratório pedindo para repetir a prova cruzada. Apenas os testes laboratoriais podem definir se uma reação grave é hemolítica, pirogênica, alérgica ou anafilática;

• Monitore os pacientes idosos e cardíacos para sinais de sobrecarga circulatória e insuficiência cardíaca. Diminua a taxa da transfusão para um nível suficiente para manter a veia aberta, eleve a cabeceira da cama e administre oxigênio.
• Avise a um médico.

Contraindicado:
• Acrescentar medicamentos à bolsa de sangue;

• Administrar um hemoderivado sem conferir a prescrição com o rótulo da bolsa de sangue;

• Não pense em interromper a transfusão se o paciente desenvolver exantema pruriginoso ou urticária. Caso ele apresente dispneia, interrompa a transfusão e chame um médico. Administre um anti-histamínico, de acordo com a prescrição, e reinicie a transfusão quando os sintomas desaparecerem;

• Não hesite em interromper a transfusão, se os sinais vitais do paciente apresentarem variações, se aparecer dispneia ou inquietude, ou se o paciente desenvolver calafrios, hematúria ou dor no flanco, no tórax ou no dorso. Mantenha o acesso venoso aberto com soro fisiológico, enquanto você chama um médico e aciona o laboratório;

• Transfundir sangue por mais do que 4 horas.

Tipos de possíveis reações 

Essas podem ocorrer após a infusão de apenas uma unidade, ou após transfusões maciças ou repetidas. Essas complicações incluem reações alérgicas, hemolíticas, febris não-hemolíticas e incompatibilidade das proteínas plasmáticas.

Reação alérgica
As reações alérgicas aos hemoderivados são comuns e em geral resultam de uma substância estranha presente no sangue. Por exemplo, o paciente pode desenvolver uma reação alérgica, caso receba sangue de um doador alérgico a determinado medicamento. Nesse caso, o organismo do doador teria desenvolvido anticorpos contra esse medicamento. Os anticorpos infundidos junto com o sangue doado poderiam causar uma reação alérgica no receptor.

Os sintomas de uma reação alérgica são:


- febre;

- náuseas;

- vômitos;

- prurido localizado e leve;

- urticária.

Essa reação pode evoluir para anafilaxia, caracterizada por edema da laringe, broncoespasmo, dispneia e sibilos. As reações alérgicas podem ocorrer imediatamente ou dentro de uma hora após a transfusão. Se o paciente desenvolver essa reação, interrompa imediatamente a transfusão e avise um médico e outros profissionais da equipe de emergência, caso seja necessário. Verifique os sinais vitais do paciente. Substitua o equipo de infusão por um sistema de administração sem sangue, preenchido com soro fisiológico.

Infunda essa solução lentamente, enquanto aguarda pela chegada do médico e da equipe de emergência. Caso a reação seja branda, você pode reiniciar a transfusão depois que o paciente receber anti-histamínicos e depois que seus sinais e sintomas regredirem. Em geral, mesmo as reações graves melhoram com epinefrina ou com corticoides. Para evitar uma reação alérgica, verifique se o paciente tem história de alergias. Em caso afirmativo, administre os anti-histamínicos antes da transfusão, de acordo com a prescrição. Os pacientes com história, de reações alérgicas podem receber transfusões de hemácias lavadas ou desglicerolizadas.

- Reação hemolítica


São reações causadas pela incompatibilidade ABO ou Rh, ou pelo armazenamento inadequado do produto, a reação hemolítica é grave e pode levar o paciente ao óbito. Os sinais e sintomas são tremores, calafrios, febre, dor torácica, dispneia, hipotensão, oligúria, hemoglobinúria, dor no flanco e sangramento anormal. Se o paciente apresentar esses problemas, interrompa imediatamente a transfusão.

Mantenha o acesso venoso aberto com um equipo secundário infundindo soro fisiológico. Não abra o equipo do soro fisiológico, caso esteja conectado ao tubo Y contendo sangue. Esteja preparada para tratar o choque do paciente, administrando oxigênio, líquidos e epinefrina, de acordo com a prescrição. Além disso, administre expansores de volume, dopamina e um diurético (ex., furosemida - lasix), conforme a prescrição.

É recomendável proceder à coleta de amostras de sangue e urina para exames laboratoriais, quando isso for necessário e indicado pelo médico. Os exames de sangue confirmam uma reação hemolítica, enquanto os exames da urina detectam hemoglobina. Anote a ingestão hídrica e o débito para detectar diurese ou oligúria. Avise ao médico se uma dessas condições ocorrer.

Para evitar a reação hemolítica, conforme a compatibilidade sanguínea, sempre verifique o bracelete de identificação do paciente ou a identificação do leito antes de iniciar a transfusão, que deve ser infundida lentamente no início. Fique atenta a sinais de reação, pelo menos nos primeiros 15 minutos após começar a transfusão.

- Reação febril não-hemolítica


Essa reação ocorre quando os anticorpos antiantígenos leucocitários humanos reagem com os antígenos dos leucócitos ou das plaquetas do doador. Os sinais e sintomas são elevação da temperatura em 1ºC ou mais, associada a calafrios (inclusive calafrios agitantes, conhecidos como tremores convulsivos), palpitações, aperto no peito, dor lombar baixa e cefaleia. As reações febris ocorrem em apenas 1% das transfusões, mas raramente recidivam no mesmo paciente. Essa reação pode ocorrer imediatamente ou até 2 horas após terminar a transfusão.

Para tratar uma reação febril não-hemolítica, administre antipiréticos e anti-histamínicos, de acordo com a prescrição. Trate as reações graves com oxigênio, líquidos, epinefrina (adrenalina) e possivelmente dopamina e um diurético, conforme prescrição médica.

- Reações relacionadas à incompatibilidade das proteínas plasmáticas


A incompatibilidade das proteínas plasmáticas é uma reação rara e grave, causada pela incompatibilidade da imunoglobulina A (IgA). Essa reação causa rubor, dor abdominal, diarreia, calafrios, febre, dispneia, hipotensão e possivelmente choque. Nesses casos o paciente deverá receber oxigênio, líquidos, epinefrina e corticoides. A infusão de hemoderivados com pouca IgA pode evitar essa reação.

- Complicações metabólicas


As complicações metabólicas podem ocorrer quando um paciente recebe volumes grandes de sangue em um intervalo curto. Esses problemas são: sobrecarga circulatória, hipotermia, hipocalcemia, hiperpotassemia e contaminação por micróbios.

- Sobrecarga circulatória


A sobrecarga ocorre quando o sangue é infundido rapidamente, ou em quantidades excessivas e em um intervalo curto. Os sinais e sintomas são: dispneia, distensão ou congestão das veias do pescoço, dor torácica ou lombar e hipertensão. Caso o paciente apresente sobrecarga circulatória, suspenda a transfusão, avise ao médico, eleve a cabeceira da cama para facilitar as trocas respiratórias e administre um diurético, de acordo com a prescrição. Para evitar a sobrecarga circulatória, use papa de hemácias, infunda o hemoderivado mais lentamente e, nos pacientes de alto risco, administre um diurético no início da transfusão;

- Hipotermia

A hipotermia pode ser causada pela infusão periférica rápida de um volume grande de sangue resfriado, ou pela infusão central de sangue resfriado. O paciente pode desenvolver: calafrios agitantes, hipotensão e possivelmente arritmia cardíaca.

Caso não seja tratada, a hipotermia pode evoluir para parada cardíaca. Para tratar a hipotermia, interrompa a transfusão e envolva o paciente em cobertores. Monitore a atividade cardíaca pelo eletrocardiograma (ECG). O melhor é evitar essa complicação, usando um aquecedor de sangue;

- Hipocalcemia


Essa complicação rara, também conhecida como efeito tóxico do citrato, ocorre quando o sangue tratado com citrato for infundido rapidamente em várias transfusões repetidas. Os sinais e sintomas são: formigamento nos membros, cãibras musculares, náuseas e vômitos, hipotensão, arritmia cardíaca e possivelmente convulsões.

Em resposta a essa complicação, diminua a taxa ou suspenda a infusão, dependendo da gravidade da reação. Por fim, o problema em geral regride por si próprio. Caso os sintomas persistam, pode ser necessário administrar terapia de reposição com suplementos orais de cálcio ou gluconato de cálcio venoso;

- Hiperpotassemia

À medida que as células do plasma armazenado se desintegram, o nível de potássio no sangue aumenta. Quando o hemoderivado for transfundido, o paciente pode desenvolver hiperpotassemia. Os sintomas variam com a quantidade de unidades administradas, o tempo de armazenamento e o nível de potássio do paciente antes da transfusão. Faça um ECG e administre sulfonato de poliestireno de sódio, glicose a 50% e insulina, bicarbonato ou cálcio, de acordo com a prescrição.

- Contaminação por micróbios
A contaminação por bactérias é uma complicação rara, embora seja grave. Causada por bactérias Gram-negativas que crescem a temperaturas baixas, como Pseudomonas, Staphylococcus, coliformes ou Achromobacter, o sangue contaminado pode provocar calafrios, febre, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, choque e sinais de insuficiência renal.

A contaminação do sangue doado pode ocorrer de várias maneiras, incluindo-se pela infecção bacteriana do doador e contaminação durante a flebotomia ou a fase de processamento da doação.

O tratamento da contaminação por bactérias inclui doses altas de antibióticos e medidas terapêuticas voltadas para o controle do choque, incluindo-se corticoides e vasopressores. Para ajudar a evitar contaminação, use técnica asséptica rigorosa durante as transfusões, troque os equipos de administração a cada 4 horas ou duas unidades, descarte o equipo e os recipientes usados de acordo com as precauções de praxe.

Sempre examine o sangue a ser transfundido, em busca de gás, coágulos ou alterações na coloração. Não é recomendável administrar sangue retirado do refrigerador há mais de 30 minutos.

- Documente-se


Nunca se esqueça de anotar cuidadosamente cada etapa da transfusão. Caso as normas da sua instituição exijam, faça suas anotações em uma folha separada para administração de sangue. Esse relatório deve incluir pelo menos os seguintes itens:

• Nomes das enfermeiras que fizeram a identificação do produto e do paciente;

• Tipo de produto administrado, seu número de identificação e sua data de validade;

• Sinais vitais antes, durante e depois da transfusão;

• Data e hora em que a transfusão começou e terminou;

• Volume total infundido, incluindo-se soro fisiológico;

• Resposta do paciente à transfusão, incluindo-se sinais e sintomas das reações
transfusionais;

• Medidas tomadas para evitar ou tratar as reações adversas.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.

Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/32763/cuidados-na-administracao-de-hemoderivados

A contaminação do sangue doado pode ocorrer de várias maneiras
A contaminação do sangue doado pode ocorrer de várias maneiras

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